Na esteira da recessão
econômica, a inflação de janeiro desacelerou para o menor patamar no mês em
mais de 30 anos, aumentando as apostas de que o BC vai cortar mais fortemente
os juros neste ano. O IPCA (índice oficial de inflação) ficou em 0,38% na
comparação com dezembro, a menor alta desde 1979. Em janeiro do ano passado, o
indicador subiu 1,27%.
No acumulado dos 12 meses
encerrados em janeiro, a inflação foi de 5,35%, ante 6,29% um ano antes. O indicador
veio abaixo também da expectativa dos analistas, que agora preveem que a
melhora na inflação abrirá espaço para um corte mais forte da taxa de juros
(Selic) pelo Banco Central.
"Em nossa opinião, as
condições econômicas ao longo de 2017, principalmente no que tange a atividade
econômica e as expectativas inflacionárias para 2018, possibilitarão ao BC
levar a taxa Selic para 9,25% ao final de 2017", afirmou o economista do
banco Daycoval Rafael Cardoso, em relatório.
No mercado de juros futuros,
em que os investidores buscam proteção contra oscilações bruscas dos juros, os
contratos negociados para os próximos meses também mostram que cresce a aposta
de corte maior na taxa básica.
Em janeiro, o Banco Central
promoveu o terceiro corte consecutivo da taxa Selic, hoje em 13%. A taxa é a
base para a cobrança de juros no país e é um instrumento para o controle de
inflação. Na opinião de especialistas, com a desaceleração dos preços, haveria
espaço para o BC acelerar os cortes.
Antes de a inflação de
janeiro ter sido divulgada, a expectativa era de corte de 0,75 ponto percentual
na Selic neste mês (igual ao de janeiro), mas apostas em um ponto percentual
ganharam força. O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC se reúne nos
próximos dias 21 e 22.
"[O IPCA] confirma as
expectativas de que a Selic vai para um dígito em outubro, além de acelerar o
corte a partir da próxima reunião para 1 ponto", afirmou o
economista-chefe do Banco Fator, José Francisco Gonçalves, que vê a Selic a
9,5% no final do ano.
"A tendência é muito
favorável. Os dados indicam números bastante negativos à frente e podemos
chegar a agosto com a inflação abaixo de 3,5% em 12 meses", disse o
economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otávio Leal, que tem viés de baixa
para sua projeção de Selic, hoje em 9,75% neste ano.
Economia & Negócios
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