Nós sindicalistas repudiamos a sugestão, proferida pelo
presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de
Andrade, nesta sexta-feira (8), após uma reunião com o presidente interino
Michel Temer e cerca de 100 empresários do Comitê de Líderes da MEI
(Mobilização Empresarial pela Inovação), segundo a qual o Brasil deveria
ampliar sua carga horária de trabalho em até 80 horas semanais e de 12 horas diárias
para classe trabalhadora.
Neste momento em que as
centrais sindicais buscam um diálogo, a fim de estabelecer um consenso benéfico
para todos, tal afirmação, que faz lembrar a situação da classe operária do
século 19, surge como uma provocação estapafúrdia ao povo brasileiro. O que os
trabalhadores querem e precisam é andar para frente, não retroceder na
história. Neste sentido aproveitamos a oportunidade para reafirmar nossa
bandeira pela redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais, sem redução
de salário.
A proposta da jornada de 80
horas semanais vai na contramão de todos os estudos sobre o trabalho no Brasil.
Pesquisas do Dieese, por exemplo, apontam que a adoção das 40 horas semanais
poderá gerar mais de 2 milhões de novos postos de trabalho. Na mesma linha,
estudos do Ipea apontam que uma jornada de 12 horas semanais seria suficiente
para produzir a mesma riqueza produzida com uma jornada legal de 44 horas. A
elevação do nível de emprego e dos salários irá beneficiar todo o país e promover
o crescimento da economia brasileira, fortalecendo o mercado interno, ampliando
o consumo e estimulando os negócios no comércio e na indústria.
A adoção de uma jornada de
80 horas semanais, por outro lado, causará um atraso social, cultural e econômico,
submetendo a classe trabalhadora a condições desumanas afetando (1) sua saúde e
qualidade de vida; (2) sua possibilidade de escolaridade e conhecimento; (3) e
reduzindo seu tempo de vida social e cultural. Acreditamos que a redução da
jornada de trabalho sem redução de salário é indispensável para ampliar a
oferta de emprego, na medida em que os ganhos de produtividade - fruto do
desenvolvimento tecnológico e de formas mais avançadas de gerenciamento -
requerem essa mudança. Qualquer medida contrária só ampliará a precarização e
retirará direitos consagrados pela luta histórica da classe trabalhadora.
As centrais sindicais
conclamam à classe trabalhadora e ao conjunto do povo brasileiro para que se
mantenham alertas, vigilantes e mobilizados para a luta contra o retrocesso
neoliberal neste difícil momento da vida nacional, marcada por uma brutal
ofensiva dos capitalistas contra o Direito do Trabalho, a democracia e a
soberania nacional.
Adilson Araújo,Central dos
Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)/Antônio Neto,Central dos
Sindicatos Brasileiros (CSB)/José Calixto Ramos,Nova Central Sindical dos
Trabalhadores (NCST)/Paulo Pereira da Silva,Força Sindical/Ricardo Patah,União
Geral dos Trabalhadores (UGT)/Vagner Freitas,Central Única dos Trabalhadores
(CUT)
Nenhum comentário:
Postar um comentário