A presidente afastada Dilma
Rousseff e senadores ligados à petista defenderam que a perícia feita pelo
corpo técnico do Senado atesta a falta de motivos jurídicos para o impeachment.
Já parlamentares favoráveis ao afastamento interpretaram o documento como um
reforço aos argumentos dos crimes de responsabilidade. A análise divulgada
nesta segunda-feira (27) responsabiliza Dilma pela edição de créditos
suplementares por meio de decreto, sem o aval do Congresso, mas isenta a
petista de responsabilidade pelas pedaladas fiscais, atraso de repasses do
governo federal para bancos públicos. As duas medidas são os argumentos
técnicos do pedido de impeachment em discussão no Senado. O valor do repasse
atrasado é de R$ 3,5 bilhões do Tesouro ao Banco do Brasil para o Plano Safra.
"É um golpe parlamentar
porque não há base jurídica para impeachment (...) Os peritos consideraram que
eu não participei em nenhum momento do Plano Safra porque isso não é papel do
presidente da República. Dizemos isso há muito tempo, mas agora a própria
perícia do Senado constatou o mesmo", afirmou Dilma em entrevista à rádio
Guaíba, do Rio Grande do Sul.
"Não há, em nenhum
momento, um alerta ou um parecer técnico que diga 'presidenta, se você assinar
este decreto estará comprometendo a meta fiscal'. Por isso fica cada vez mais
claro que este processo de impeachment não tem base legal, não tem
fundamentação", completou a presidente afastada.
A petista disse estar
conversando com senadores e com movimentos sociais para viabilizar sua volta.
Ela minimizou ainda a conclusão sobre os decretos. Senadores contrários ao
impeachment também reforçaram a isenção da petista quanto às pedaladas.
"Para se caracterizar
um crime de responsabilidade de um presidente da República, é necessário que
haja sua participação direta. Mas quando vem um parecer e afirma claramente que
não há participação direta da presidente no Plano Safra, essa denúncia, que já
era frágil, se torna um pretexto para afastar uma presidente eleita pelo
povo", afirmou o senador Humberto Costa (PT-PE), líder do governo quando a
petista estava no Planalto.
Já senadores da base do
governo interino de Michel Temer destacaram as evidências que fundamentam o
pedido de afastamento de Dilma. O senador José Medeiros (PSD-MT) classificou
como "uma bomba” na estratégia da defesa o resultado da perícia. Para o
líder do PSDB, senador Cássio Cunha Lima (PB), o documento reforça a acusação.
"Essa perícia, que seria um instrumento da defesa, passa a ser uma
ferramenta para a acusação, porque fica caracterizado o crime de
responsabilidade no que diz respeito aos decretos de suplementação
orçamentária", afirmou.
De acordo com ele, as
pedaladas são empréstimos bancários, o que desrespeita a Lei de Responsabilidade
Fiscal (LRF) e a assinatura de Dilma basta para responsabilizá-la pelos atos. A
junta formada a pedido da defesa é composta pelos consultores Diego Prandino
Alves e João Henrique Pederiva, da Consultoria de Orçamentos, Fiscalização e
Controle do Senado, e por Fernando Álvaro Leão Rincon, diretor-adjunto da
Secretaria de Finanças, Orçamento e Contabilidade do Senado.
Poder & Política
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