Após encontro com a
presidente Dilma Rousseff nesta quarta-feira, 10, líderes religiosos defenderam
que é preciso debater com a sociedade a descriminalização do aborto em meio à
epidemia de zika. A posição vai de encontro à posição da Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil (CNBB), que afirmou na semana passada que o aumento do número
de casos de microcefalia no País não justifica a medida. Segundo integrantes do
Conselho Nacional das Igrejas Cristãs (Conic), o assunto não foi tratado na
reunião com a presidente e ainda não há consenso sobre o tema entre os diversos
grupos religiosos que integram o conselho. "Precisamos, sim, com urgência
tratar da questão, mas não temos nenhuma discussão feita ainda", disse dom
Flávio Irala, presidente do Conic e bispo da Igreja Anglicana.
Para Joel Zeferino, pastor
da Igreja Batista Nazareth, é preciso incluir neste debate as mulheres de baixa
renda, que muitas vezes têm de recorrer a clínicas de abortos ilegais em
condições precárias. "Nós não temos uma posição em torno do aborto.
Entendemos que tem que ser uma questão debatida com a sociedade, mas não dá
para ignorar o assunto e é preciso empoderar as mulheres nessa discussão",
afirmou. Segundo os dois religiosos, durante o encontro, Dilma pediu ajuda das
igrejas de todo o País no combate ao mosquito Aedes aegipty, transmissor não só
da zika, como também da dengue e da chikungunya. O Conic reúne integrantes de
igrejas católicas, anglicanas, luteranas, presbiterianas e ortodoxas.
Na semana passada, a
presidente já havia se encontrado com representantes do CNBB para debater o
assunto. Outro tema abordado foi a campanha da fraternidade de 2016, lançada
nesta quarta-feira pela CNBB, com apoio das congregações do conselho. Neste
ano, a iniciativa terá como foco o saneamento básico.
Estadão Conteúdo
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