“Como no Brasil é muito
difícil ajustar o trabalho tanto para cima como para baixo, as empresas optam
por cortar outros custos. Nos últimos anos, foi possível perceber esse
comportamento: o PIB vinha desacelerando, mas o emprego se mantinha”, diz
Eduardo Zylberstajn, pesquisador da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas
(Fipe). “Agora, dado o tamanho da nossa crise, será preciso melhorar muito o
ambiente e a confiança para as empresas voltarem a contratar”, afirma.
O “atraso” do mercado de
trabalho para responder ao avanço da economia fica evidente na projeção dos
analistas. Embora haja a expectativa de que a economia possa parar de piorar no
segundo semestre deste ano, as projeções para o desemprego são de forte alta e
por um período mais prolongado.
Deve piorar. No cenário da
economista Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências Consultoria Integrada, a
situação do mercado de trabalho está longe de melhorar. As projeções apontam
para um índice de desemprego de dois dígitos ao final deste ano. Pela Pesquisa
Mensal de Emprego (PME), que inclui as regiões metropolitanas de Recife,
Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre, o índice
fecha 2016 acima de 10%, diz ela. Já na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio
(Pnad), que abrange todo o País, a taxa ficará próxima de 13%. Até o ano
passado, os dois índices estavam em 6,9% e 9,0%, respectivamente. “Acredito que
vai piorar bem o mercado de trabalho este ano.”
Alessandra destaca que,
apesar dos setores de indústria e construção civil já estarem numa crise
intensa e demitindo há 21 meses seguidos, a área de serviços estava mais
resistente e só começou a demitir há oito meses. “Esse é um setor que contrata
muito, pois inclui comércio e instituições financeiras que empregam muitos
trabalhadores qualificados.”
Na opinião de Saboia, uma
recuperação do mercado de trabalho só começará a dar sinais em 2018. Até lá,
alguns milhares de trabalhadores vão engrossar a fila dos desempregados, que
até novembro do ano passado somava 9,1 milhões de pessoas. “Prevejo muita piora
até meados deste ano. No segundo semestre, pode haver uma ligeira melhora por
causa da sazonalidade da economia.”
Ascom Força Sindical
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