Depois do forte impacto da
falta de chuvas e da alta do dólar sobre o preços dos alimentos, o risco de
agravamento da greve de caminhoneiros que acaba de começar pode pressionar
ainda mais os preços. Nos doze meses encerrados em outubro, os alimentos
subiram 10,39%, superando os 9,93% da inflação medida pelo IPCA. No Rio de
Janeiro, a alta dos alimentos foi de 9,81%. Especialistas dizem que os aumentos
devem continuar nos próximos meses, corroendo ainda mais o poder de compra do
consumidor. A taxa perto dos 10% é uma média, mas muitos produtos tiveram
reajustes bem mais expressivos. Como a batata-inglesa, cujo preço subiu 68,86%
na Região Metropolitana do Rio nos 12 meses encerrados em outubro. No mesmo
período, o valor do alho avançou 59,38%, enquanto o filé mignon teve alta de
40,40%, e a cebola, de 29,30%. Não adianta nem correr para uma carne de
segunda: o músculo ficou 20,86% mais caro. Foi um ano de aumento principalmente
dos produtos in natura, enquanto o preço dos grãos teve comportamento melhor. O
ano foi de estiagem, com muito calor em algumas áreas e chuvas abundantes em
outras. Todo ano é assim, mas a intensidade este ano parece ter sido maior —
afirma a técnica do Ipea Maria Andréia Parente, do Grupo de Análises e
Previsões.
Para piorar o clima, a forte
valorização do dólar também pressiona os preços. De um lado, encarece itens que
dependem do trigo importado, como pão francês, que ficou 8,73% mais caro no
Rio, macarrão, que subiu 11,54%, e biscoito, 7,75%. Do outro, torna os produtos
brasileiros mais competitivos lá fora, incentivando as exportações. Isso reduz
a oferta desses itens no mercado doméstico, pressionando os preços. Foi o que
aconteceu, por exemplo, com as carnes, que ficaram 20,91% mais caras no Rio e
17,16% no país. O aumento do preço da carne é mais um resultado da redução da
oferta que da demanda, apesar da crise que estamos vivendo. Com o dólar mais
alto, o produtor direciona a produção para as exportações — afirma o economista
da banco Brasil Plural Raphael Ornellas. A greve dos caminhoneiros acaba sendo
um fator a mais de risco. Segundo Ornellas, a paralisação de rodovias pode ter
efeito nos preços caso se prolongue por mais dias. Maria Andréia lembra que
mesmo alguns dias podem ter efeito nos preços de alimentos, sobretudo os mais
perecíveis.
A greve de caminhoneiros
pode ter impacto, mas é preciso que as paralisações sejam amplas e afetem as
rodovias próximas das regiões pesquisadas pelo IBGE — afirma o economista da osenberg&Associados
Leonardo França Costa.
Ascom Força Sindical
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