Uma mulher, vestida de roxo,
com roupas longas, mantas compridas, um grande crucifixo e uma Bíblia na mão
tornou-se um mito popular do Centro Histórico nos anos 1970. Sua vestimenta,
seus acessórios e o modo como ficava nas ruas – sentada, sem conversar ou pedir
esmola – suscitava na imaginação dos que a viam o ar de uma mendiga, de uma
santa ou de uma louca. A mulher de roxo ficava próximo à loja Slopper, na Rua
Chile, local onde as damas da sociedade baiana se reuniam para comprar roupas.
Alguns afirmam que ela se
chamava Doralice, outros Florinda. Alguns afirmavam que ela ganhava as roupas
da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, outros que ela mesma
costurava retalhos roxos e transformava-os em vestidos. Estórias sobre a vida e
o por que daquela mulher está nas ruas está presente em livros, contos
publicados em jornais e até em vídeo.
Segundo Anísio Félix, a
Mulher de Roxo “apareceu nos anos 1960 na zona do Pelourinho, exatamente na
casa de número 6 da Rua Gregório de Mattos, em um bordel conhecido como Buraco
Doce. Ela era uma mulher muito bonita, cabelos negros longos, vestidos caros e
jóias” (FÉLIX, 1995, p. 101). Depois passou a morar nas ruas.
Em alguns momentos a Mulher
de Roxo perambulava pelo Centro Histórico vestida de noiva, com buquê, véu e
grinalda. Com isso surgiu a lenda de que havia sido abandonada no altar, ou que
era uma ex-freira expulsa por causa de um namorado, ou que tinha um filho que a
rejeitava, que já havia sido muito rica, que era professora, e por tudo ou nada
disso, tinha enlouquecido. Nada se sabe. O que se tem certeza é que em 1993 e
por alguns anos a Mulher de Roxo esteve internada no Hospital Santo Antonio,
organização das Obras Sociais de Irmã Dulce.
Escrito por Guiliana Kuark
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