As dificuldades das
negociações salariais do segundo semestre têm como exemplo de impasse os
bancários. A categoria – formada por mais de 500 mil trabalhadores em todo o
País – entrou em greve no dia 6. Eles reivindicam reajuste de 16%, enquanto os
bancos oferecem 5,5%. “Poucas vezes a diferença entre o que se pede e o que é
oferecido ficou tão distante”, diz Hélio Zylberstajn, coordenador da pesquisa
de negociação salarial da Fipe. A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban)
afirma que a proposta mais ampla inclui o reajuste, um abono de R$ 2,5 mil e a
participação nos lucros (PLR). Esse conjunto aplicado, por exemplo, ao piso
salarial de um caixa bancário, de R$ 2,56 mil, pode garantir até o equivalente
a quatro salários. “Essa proposta resulta num aumento de remuneração para a
categoria que cobre a estimativa de inflação para os próximos 12 meses”, diz a
Fenaban.
“Os bancos estão sendo
oportunistas e querem se aproveitar da crise para acabar com o modelo de aumento
real”, rebate a presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo e região,
Juvandia Moreira. Ela afirma que, ao contrário de outros segmentos, “o momento
não está difícil para o setor bancário, cujo lucro cresceu 27% nos seis
primeiros meses do ano, para R$ 36 bilhões”.
Os bancários conquistam
aumentos reais, acima da inflação, desde 2004. Segundo a sindicalista, a
proposta atual, se aprovada, “elimina os ganhos obtidos pela categoria nos
últimos dois anos”.
Só reposição. Nos últimos 14
anos, os trabalhadores representados pela Federação dos Sindicatos de
Metalúrgicos da CUT (FEM/CUT) conseguiram aumento real nos dissídios, muitas
vezes após greves. Neste ano, boa parte deles, incluindo os do ABC paulista,
fechou acordos apenas com a reposição da inflação, de 9,8% em um ano, parcelada
em duas vezes: 7,88% em setembro e 2% em fevereiro.
“Chegávamos para negociar
num ambiente em que as empresas estavam anunciando lay-off (dispensa temporária
de trabalhadores) e adesão ao PPE (Programa de Proteção ao Emprego)”, diz o
presidente da FEM/CUT, Luiz Carlos da Silva Dias. “É uma situação atípica em
relação a outros anos.”
Um dos setores que assinaram
acordo com a federação foi o de máquinas. Neste ano, o setor de máquinas
demitiu, até julho, 35 mil trabalhadores, cerca de 8% de seu efetivo. “As
negociações estão muito difíceis porque o setor industrial enfrenta talvez a
crise mais grave dos últimos 30 anos”, afirma Hiroyoki Sato, diretor executivo
da Associação Nacional da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). “Está
em jogo a sobrevivência de algumas empresas.”
Ascom Força Sindical
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