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sábado, 3 de outubro de 2015

Malversação do dinheiro público transformou-se em Negacionismo - Por Tonia Galeti - Parte ll




Dizer que é preciso retirar os rurais desta conta não é apenas transferir para o Tesouro a responsabilidade, mas é dizer que não somente os trabalhadores são obrigados a manter a previdência para o setor da população, que nunca foi olhado  e que sempre foi esquecido, esta é uma responsabilidade de todos e quando digo todos são todos mesmo: classe política, classe empresarial, classe operária, etc. Não podemos solucionar as questões do Brasil continuando a punir aqueles que sustentam inclusive as regalias de um poder público corrupto e pouco ativo quando se trata de cortar em si o mal iniciado por ele mesmo. Quando se fala que um país como a Espanha, a Itália e tantos outros da Europa estabelecem aposentadorias e pensões para pessoas com 67 anos, 70 anos de idade, esquece de dizer que nestes países estas pessoas não começaram a trabalhar com 10, 11 ou 12 anos de idade.
As pessoas, nesses países, caso fiquem sem trabalho e por anos deixem de contribuir, terão suas aposentadorias concedidas e, ainda, serão mantidas pelo estado até este momento chegar, de maneira que não podemos usar o direito comparado para piorar a situação que se vive no Brasil, nivelando por cima o comparativo e nivelando por baixo a forma de acesso aos benefícios. É preciso muito cuidado para não se tornar cruel com quem tão cedo iniciou seu trabalho, iniciou suas contribuições e que hoje são nossos pais e nossos avós. A viabilidade do Brasil passa por outras importantes questões, educação adequada, reestruturação tributária, corte de gastos públicos espalhados pela República, corrupção que envergonha a nação, educação de qualidade, ética no serviço público.
O Estado não existe. O que existe são pessoas e essas merecem respeito e encaminhamento para viverem bem. Não é possível que seja transferida à população, a responsabilidade pelo desemprego, pela inflação e, ainda pela existência dos idosos que, não são números, são pessoas humanas que merecem respeito e dignidade.
Parece mesmo que em tempos de crise, vale mais a fala que a reflexão, valem mais os números do que as pessoas, vale mais a maquiagem do que o manequim. E como diria meu avô, pelo jeitão da carruagem a coisa anda feia até pra cachorro.



Dra. Tonia Galleti é coordenadora do Departamento Jurídico do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical, Mestre em Direito Previdenciário e professora universitária.

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