Em volta da pracinha de tem
um monte de casas bem arrumadinhas, muitas pintadinhas de novo, telhado bonito
e algumas com jardins bem cuidados. Fruto dos novos ventos que correm pela
cidade, civilizando-se cada vez mais. Pois foi numa dessas casas, a da dona
Manoela, que aconteceu o incidente.
O Jerebão ia passando, de
madrugada, indo pra casa, depois de ter saído do Bar do Copo Sujo. Nem preciso
dizer do estado do Jereba após sair de um bar. E foi em frente à casa da dona
Manoela que ele teve a terrível dor de barriga. Consequência do chouriço
derrancado que comera lá no boteco do Bigode, como tira gosto. Ajeitou-se atrás
da moita de jasmim e derramou o que tinha nas entranhas. Depois de quase meia hora de labuta,
limpou-se com umas folhas, conseguiu levantar-se, ajeitou as calças e se mandou
ligeirinho. Dormiu um sono rápido e, nem bem amanheceu, acordou e sentiu
vontade de fumar. Pegou um cigarro e... Cadê o isqueiro? Isqueiro de estimação,
dado por uma ex-namorada. Vou voltar lá onde deixei o barro, pensou ele. E foi,
enquanto o dia apenas começava e a cidade ainda dormia.
No jardim da casa da dona
Manoela, bem atrás da moita de jasmim, achou o isqueiro e o chumaço de folhas
com que se limpara. Mas estranhou uma coisa. Nenhum monte ali, sinal do serviço
que fizera na madrugada. Tudo limpinho, limpinho. Pensou: não pode, alguma
coisa tem que tá errada. Enquanto estava de quatro, ainda examinando o terreno
para entender o acontecido, ouve alguém limpar a garganta atrás dele. Vira-se e
quem ele vê?
- Dona Manoela!... Tudo bem
ca sinhora?
- Então foi o senhor o porco
sem-vergonha que cagou em cima da minha tartaruga, né?
Eurico de Andrade
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