- Sô guarda, cadê a girafa?
O sô guarda, quando olhou
pra cara da mulher, quase teve um troço. Feia demais da conta. Olhos tortos,
pernas cabeludas e uma mais curta do que a outra, peitos caindo pela barriga,
bigode maior que o do guarda, pele do rosto parecendo maracujá de gaveta... Um
verdadeiro desarranjo.
- Minha senhora, é que nesta
época de frio, a girafa já foi recolhida. Ela vai dormir mais cedo. É animal de
clima quente e não tem costume com o frio. Amanhã a senhora volta, tá?
O guarda, além de falar bem,
- característica de sua categoria - era entendido em biologia e zoologia
- Sô guarda, a gente viemo
lá de Tabuí pra mode meus fios conhecê ela, uai!
Foi nesse momento que o
guarda deixou de ver a feiura da mulher e olhou atentamente pros cinco anjinhos
que estavam atrás dela, com olhos curiosos, amedrontados, procurando pela
girafa. Cada um mais lindo que o outro. Duas meninas e três meninos sem nenhum
defeito. Olhos verdes, moreninhos, bem vestidos, educados, uma escadinha...
- Estes meninos são da
senhora?
- Sim, sô guarda!...
- Mas foi a senhora mesma
quem botou eles no mundo?
- Craro, home!
- Então, minha senhora...
Peraí um tiquinho... Vou ter que chamar a girafa! Ela tem que ver isto.
Por Eurico de Andrade
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