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sábado, 26 de setembro de 2015

Contos & Causos - Caipira na cidade grande




O sonho do cidadão caipira é conhecer a cidade grande. Cada um sente que até o seu status muda dentro da sociedade quando fala que já foi à capital. Foi por isso que o Zé Tranquilim, mesmo sem conhecer sua própria cidade direito, vendeu umas cabeças de gado e se mandou pra Belzonte.
Aquele monte de prédio caquele tantão de carros e o povão no meio da rua, fez o Tranquilim perder a tranquilidade. Ficou foi tonto. Aí, numa hora em que sentiu necessidade de atravessar a Afonso Pena, teve que chamar o guarda. Olhando pro Zé, com aquela cara de mocorongo, o guarda não teve piedade.
- Atravesso o senhor... Mas custa trinta mangos... Topa?
O Zé Tranquilim achou aquele trem danado de esquisito e não topou.
- Ah... Coá!... Diacho de trem caro, sô!
Ficou ali pensativo e pondo sentido no movimento do guarda apitando pra cá e pra lá para botar ordem na carraiada e no povo maluco. Foi nesse momento de confabulamento que parou ao seu lado uma moça com uma camisa muito decotada e colorida, uns colares e uma sainha chitada e curta. Na mão, uma bolsinha piquititita e no rosto um monte de pintura, além de batão nos beiço... O Zé até que achou ela ajeitada, mas, se fosse dele, não vestiria daquele jeito não... Aí viu que a moça ia atravessar a rua. Ela viu também a cara de mocorongo dele e já começou a pensar maldades. Quandefé ela olhou pra ele, deu uma piscadinha e convidou:
- Vamo?
- Quanto é, dona moça?
- Só cobro cinquentinha... Tá bão procê?
- Virgemaria! Que trem caro! Cuesse preço aí minha preferença é í com o guarda!



Por Eurico de Andrade

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