Um campeiro, lá do
Apanhador, o Seu Delpides Castilho, homem muito tímido que tinha uma baita
dificuldade em começar uma charla, de vez em quando, se metia nuns apuros
bárbaros: era quando precisava se chegar e falar com as viúvas de seus
compadres falecidos.
Da primeira vez, foi no
Lageado Grande, no velório do Compadre Epaminondas. Depois de hesitar bem uns
quinze minutos, que lhe pareceram anos, diante do defunto, olhando fixo prá
água benta, virou-se, num repente, prá viúva e os familhares prostrados ao
redor do caixão e disse: - Tudo azuli aí pessoali?
E como a pergunta não
surtisse o desejado efeito de quebrar o silêncio constrangedor, ele ainda
arriscou: - Mais... o quê que deu nesse pixote?
De outra feita, foi na
Criúva, quando o falecido Austero Paim morreu. Chegando na sala abafada e
cheirando a palheiro anoitecido, depois de dar alguns passos, pisando leve de
botas novas no assoalho rangedor, para não ser muito percebido, e de uns
intermináveis momentos, olhando o compadre morto, por trás dos sapatões
defuntos empinados pro seu lado, e enrolando e desenrolando as abas do chapéu,
ele resolveu se chegar pra viúva inconsolável e falou:
- Mais... cumadre, como foi
que se deu o caso?
- Ah!, cumpadre, matou-se!
- Ããhhh... com tatuzinho?
- Não cumpadre.
Carrapaticida!...
- Ah!... também é bão!
E de outra vez, novo
defunto, nova viúva e o Delpides na mesma situação difícil, a suar, sem nada
que lhe ocorresse pra começar a conversa com a comadre, até que:
- Mais... o quê que houve
com o cumpadre?
- Pneumonia.
- Ãh!... simples ou dupla?
- Simples cumpadre.
- Ah!... teve sorte! Se
fosse dupla..
Por Roberto Cohen
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