A palavra portuguesa “páscoa” é usada para designar a festa
dos judeus que, no hebraico, recebe o nome de pesach (passar por sobre). Esse
nome surgiu em face da narrativa bíblica em que o anjo da morte, ou o anjo
destruidor, “passou por sobre” as casas assinaladas com o sangue do cordeiro
pascal, atacando ferozmente as casas dos egípcios e matando a todos os
primogênitos de entre eles (Ex 12.21ss). Essa mortandade convenceu faraó de
permitir que Israel deixasse o Egito, após 400 anos de servidão naquele país.
Por tudo isso, é correto afirmar que a palavra páscoa – desde tempos mais
remotos – tem o sentido de libertação e expiação. O sangue do cordeiro teria um
papel expiatório, e o êxodo seria a concretização dessa libertação.
A festa da páscoa é o mais importante dos memoriais do Antigo
Testamento, sendo o início de uma série de acontecimentos sem precedentes, que
culminaram na entrada do povo na Terra Prometida. No entanto, passados mais de
1500 anos daquela primeira celebração, um outro evento importante teve seu
lugar na história. Deus visitou os homens, vestido de carne e tal como o
cordeiro na noite de páscoa, verteu seu sangue para que nós pudéssemos ser
livres do Destruidor. A morte de Cristo, o verdadeiro Cordeiro de Deus, veio a
significar uma expiação perfeita e uma libertação muito mais ampla, razão pela
qual o apóstolo Paulo refere-se a Cristo como a nossa páscoa (1Co 5.7).
No mundo ocidental, vimos o conceito da páscoa evoluir
rapidamente, de modo que ela passou de uma celebração religiosa para uma data
meramente comercial. Aproveita-se a época para vender ovos de chocolate, e
promociona-se a figura do coelho, e não do cordeiro. Não tenho absolutamente
nada contra quem quer que coma chocolate, quer seja na páscoa, quer seja em
qualquer outro dia do ano.
Continua...
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