Isaías havia profetizado a seu respeito: "Eram na
verdade nossos sofrimentos que ele carregava, eram nossas dores que ele levava
às costas... estava sendo transpassado por causa de nossas rebeldias, estava
sendo esmagado por nossos pecados... com seus ferimentos veio a cura para nós...
com sua experiência, meu servo, o justo, fará que a multidão se torne justa,
pois é ele que carrega os pecados dela...ele estava carregando os pecados da
multidão e intercedendo pelos criminosos"( Is 53). São Paulo assim
expressou o que Isaias, alguns séculos antes, havia profetizado: "aquele
que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nos tornemos
justiça de Deus"(II Cor 5,21).
Meditando sobre a Paixão e morte de Jesus, somos convidados a
experimentar sua profunda comunhão conosco, quando Ele, passando por dentro de
nossas feridas, deixando-se tomar por nosso pecado, veio colher-nos na verdade
mais profunda de nosso ser, tal como saímos do pensamento e das mãos de Deus e,
ressuscitando, resgatar-nos e introduzir-nos no amor infinito de seu Pai e
nosso Pai. Refletindo sobre esse mistério de infinita solidariedade, São Paulo
afirma: "Com efeito, quando éramos ainda fracos, foi então, no devido
tempo, que Cristo morreu pelos iníquos. Dificilmente alguém morrerá por um
justo; por uma pessoa muito boa, talvez alguém se anime a morrer. Pois bem, a
prova de que Deus nos ama é que Cristo morreu por nós quando éramos
pecadores" (Rom 5,6-8). A morte de Cristo não foi apenas um exemplo de
doação a ser seguido, ela é causa de nossa salvação. Há aqueles que querem ver
na morte de Cristo apenas seu significado político. É muito pouco, embora se
possa lê-la também sob esse aspecto. Só terá entrado em seu significado
profundo aquele que puder repetir com São Paulo: "Minha vida na carne, eu
a vivo na fé, crendo no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim".
Sim, é preciso experimentar a morte de Cristo como sua entrega "por
mim" e se deixar tocar e comover por tão grande gesto de amor e começar a
viver para Ele que por nós morreu. Se assim fizermos, ressuscitaremos com Ele
para a plenitude da vida sem fim. Vivamos a Semana Santa na meditação, abertos
para a graça do Senhor que vem ao nosso encontro para abrir-nos as portas da
vida!
Dom Eduardo Benes Sales Rodrigues é arcebispo metropolitano
da Arquidiocese de Sorocaba
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