Joveniano Centeno era fraco de corpo e largo de alardes.
Num cair de tarde de quase janeiro, apeou na venda do
Noquinha e foi molhar a palavra, como era de costume. Pé no cepo, cotovelo na
mesa, por lá foi se ficando numa mais outra.
Quando o lusco-fusco já aquietava os cuscos, colocou a bota
fora do portal e se deparou com o seu cavalo tordilho, pintado de verde.
Respirou fundo e entrou na venda, se plantando embaixo do lampião com pose de
quero-quero.
- Se tem mãe de respeito, quem fez o desaforo que se
apresente - gritou Jovenciano.
Lá do fundo da venda, caminhando devagar como quem trafega
atoleiro, vem vindo o Salustiano, um aspa-torta com dois metros de altura e
"uma feiúra de partir espelho". Vinha limpando as unhas com uma
carneadeira luminosa.
- Pois o matungo na cor dos campos te serve melhor de
montaria, seu maturrango - falou e disse o desabusado.
"Bêbado de susto" e atropelo, Joveniano teve apenas
tempo de aliviar os acontecidos.
- Epa, epa - retrucou. - Eu só vim avisar que a primeira
demão já tá seca!
Por Roberto Cohen.
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