A Justiça do Rio de Janeiro decretou a quebra do sigilo
bancário e fiscal do ex-presidente da Petrobrás José Sérgio Gabrielli, do
ex-diretor de Serviços Renato Duque, do
ex-gerente de Engenharia Pedro Barusco e da construtora Andrade Gutierrez em
investigação sobre superfaturamento de R$ 31,4 milhões em obras do Centro de
Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobrás (Cenpes). A busca nas movimentações
financeiras e dados tributários de Gabrielli, Duque, Barusco, outros cinco
servidores da estatal e das empresas alcança período de 2005 a 2010.
A decisão é da juíza Roseli Nalim, da 5.ª Vara da Fazenda
Pública, que acolheu pedido do Ministério Público Estadual, feito em dezembro
do ano passado, em ação civil pública. A investigação reúne quatro inquéritos
civis da Promotoria do Rio. A Promotoria requereu, ainda, o arresto dos bens
dos investigados, mas a Justiça não acolheu agora esse pedido. Segundo o
Ministério Público, as irregularidades consistiram em “sucessivas e superpostas
contratações em benefício da Andrade Gutierrez”, “sobrepreço e superfaturamento
praticado nos contratos”, “ausência de transparência” na seleção da empreiteira
para prosseguir como cessionária de obrigações firmadas entre a Petrobrás e a
empresa Cogefe Engenharia Comércio e Empreendimentos. A apuração teve origem em
levantamentos do Tribunal de Contas da União (TCU) em todas as obras do Cenpes,
inclusive as relacionadas à ampliação e modernização do Centro.
Os auditores identificaram contratos com “valores
superiores aos praticados no mercado,
além de firmados por preços superiores aos valores orçados pela própria estatal
que, por sua vez, já traziam embutidos os sobrepreços”. O TCU concluiu que “a
ausência de publicidade e observância do devido processo licitatório subtraiu
da estatal a oportunidade de selecionar a melhor proposta, aquela que trouxesse
maior vantajosidade para a empresa”. A decisão atinge ainda Sérgio Arantes,
ex-gerente Setorial de Estimativas de Custos e Prazos, José Carlos Amigo,
ex-gerente de Implementação de Empreendimentos para o Cenpes, Alexandre da
Silva, ex-gerente Setorial de Construção e Montagem do Cenpes, Antônio Perrota,
e Guilherme Neri, da área de orçamentos e contratos. Os quatro contratos sob
suspeita que envolvem a Andrade Gutierrez e a Cogefe. São serviços de descarte de resíduos, de terraplanagem,
fundações, edificações, pavimentação nas obras do Cenpes.
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