A presidenta da Petrobras, Graça Foster, confirmou nesta
segunda-feira (18) que a empresa holandesa SBM Offshore, com quem mantém
contratos de locação de plataformas, confessou ter pagado propina a
funcionários da estatal para conseguir contratos. A empresa estrangeira, no
entanto, não indicou quem subornou tampouco os valores da operação e não poderá
mais participar de licitações da estatal, destacou Graça Foster. A Petrobras
tinha instalado uma Comissão Interna de Apuração para investigar a denúncia, à
época em que surgiu, em fevereiro, e incluiu viagens aos Estados Unidos e à
Holanda. Porém, não conseguiu comprovar ilegalidades. Hoje, em entrevista para
justificar o adiamento da divulgação do balanço contábil, a presidenta da
estatal revelou que, após o término das investigações internas se deparou com
uma prova irrefutável do suborno.
“A presidenta recebeu uma ligação e uma carta, onde a SBM
dizia que recebeu informação do Ministério Público holandês sobre os tais
depósitos em contas na Suíça. De imediato, isso é uma prova avassaladora. É a
própria empresa dizendo que tem essa informação [do pagamento de propina]”,
disse o diretor de Exploração e Produção, José Formigli. Com base nessas informações,
classificadas de “provas irrefutáveis de não conformidade”, apesar do
desempenho considerado excepcional da SBM pela própria Graça Foster, as
companhias não celebram mais contratos entre si. “Assim que soube,
imediatamente, imediatamente mesmo, informamos à SBM que ela não participaria
de nenhuma licitação conosco enquanto não fosse identificada a origem, nome de
pessoas que estavam se deixando subornar”, frisou. Os oito contratos que já
estão em andamento, no entanto, não serão suspensos, esclareceu ela. A mesma
decisão, de não suspender contratos, foi tomada no caso das empreiteiras
investigadas pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que apura desvio e
lavagem de dinheiro, envolvendo políticos, funcionários da Petrobras e
construtoras. A estatal tem dois ex-diretores citados no processo, ambos
demitidos em 2012, quando Graça assumiu o comando da estatal.
O diretor de Engenharia, Tecnologia e Materiais da Petrobras,
José Antonio Figueiredo, acrescentou que, além das provas, que classificou como
“avassaladoras”, quando comprovadas as denúncias de “não conformidade”, a
empresa contratada pode ser suspensa de novas licitações por um período entre
seis meses e dois anos. “Isso pode ocorrer por mau desempenho ou postura
comercial inadequada”, disse.
Um dos executivos investigados pela Polícia Federal confessou
ao Ministério Público que havia um “clube” de empreiteiras para ganhar as
licitações da petrolífera brasileira. Em depoimento, Augusto Ribeiro de
Mendonça Neto, diretor da Toyo Setal, disse que pagou entre R$ 50 milhões e 60
milhões em propina ao ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque.
Escreve Congresso em Foco
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