A contratação de trabalhadores temporários para atender à
demanda esperada para as festas de fim ano não deve impedir desaceleração da
criação de vagas formais em outubro, afirmam economistas. A estimativa média de
11 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data apontam que
56,7 mil postos de trabalho formais foram abertos no mês passado. Se
confirmado, esse resultado representará recuo de 40,2% em relação ao mesmo mês
de 2013, quando 94,9 mil empregos com carteira assinada foram criados. As
projeções para o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que será
divulgado hoje pelo Ministério do Trabalho, vão de 52 mil até 67 mil novas
vagas.
Para Rafael Bacciotti, da Tendências Consultoria, o setor
formal da economia deve ter gerado 54 mil vagas em outubro, após abertura de
123,7 mil postos em setembro. Essa redução, porém, se deve à sazonalidade do
período. Na série com ajuste sazonal da consultoria, o saldo entre admissões e
demissões deve aumentar de 15 mil para 30 mil na passagem mensal. Apesar da
leve melhora nesta comparação, o economista ressalta que a criação de vagas
continua cerca de 40% menor do que no ano passado, com destaque negativo para a
indústria de transformação.
Fabio Romão, da LCA Consultores, estima abertura de 11,5 mil
postos na indústria em outubro, o equivalente a um terço das ocupações abertas
em igual mês de 2013 (34,9 mil). Para o economista, setores mais ligados à
produção de bens duráveis, como metalurgia e material de transporte, estão
puxando para baixo o emprego no ramo manufatureiro, que pode encerrar o ano com
demissões líquidas pela primeira vez desde 1999. A contratação de temporários
pelo comércio, porém, deve evitar um resultado ainda menos favorável do emprego
com carteira assinada em outubro, comenta o economista, com abertura de 43 mil
postos de trabalho no segmento. O número, porém, é inferior à criação de vagas
neste ramo em igual período de 2013 (52 mil). "O desempenho das vendas não
tem sido muito favorável", diz.
Além do enfraquecimento do consumo, Bacciotti, da Tendências,
também avalia que há perda de dinamismo no setor de serviços, principalmente
nos ligados às empresas. Como é um ramo que tem sustentado a geração de
empregos, diz, essa tendência preocupa porque pode levar a uma piora do mercado
de trabalho.
ASCOM Força Sindical
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