Os pedidos dos mestres para proteger a capoeira e seu aval
para registrá-la como patrimônio da humanidade também foram levados em conta no
dossiê entregue à UNESCO. Entre eles, a possibilidade de a capoeira se tornar
disciplina obrigatória nas escolas e nos encontros de troca de conhecimento.
Segundo mapeamento do Iphan, a modalidade é praticada por todo o país.
No documento que recomenda o registro, o comitê técnico da
Unesco destaca que a capoeira nasce da resistência contra a discriminação e
favorece a convivência social entre pessoas diferentes. “[A roda] funciona como
uma afirmação de respeito mútuo entre comunidades, grupos e indivíduos e
promove a integração social e da memória da resistência à opressão histórica.”
No pedido, o Iphan também cita ações como o registro nacional
da capoeira de roda como um bem cultural, a criação de grupos de trabalho,
encontros e o prêmio Viva Meu Mestre, desenvolvidos com a sociedade civil e
órgãos de governo. Para o futuro, como patrimônio da humanidade, são sugeridas
medidas para promover a capoeira, contextualizá-la como legado africano no
Brasil, além de mapear as rodas e seus mestres.
Conhecido como um dos maiores portos de desembarque de
africanos, o Brasil organiza para 2015 o pedido de registro como patrimônio da
humanidade do Cais do Valongo, no centro do Rio de Janeiro. Estima-se que o
país tenha recebido 40% de todos os africanos escravizados que chegaram vivos
às Américas e, desses, cerca de 60% entraram pelo Rio de Janeiro, segundo o
antropólogo e fotógrafo Milton Guran, do Comitê Científico Internacional do
Projeto Rota do Escravo da UNESCO. O Cais do Valongo é considerado sagrado por
religiões de matriz africana.
Escreve NAM
Nenhum comentário:
Postar um comentário