Eu fui informado que o meu
mandado de prisão já foi expedido e que a polícia está procurando por mim. O
Conselho Nacional de Ação deu atenção integral à questão, e procurou o conselho
de muitos amigos e organismos e eles me aconselharam a não me render. Eu
aceitei este conselho e não vou me entregar a um governo que eu não reconheço.
Qualquer político sério vai perceber que sob as condições de hoje neste país,
buscar o martírio barato me entregando à polícia é ingênuo e criminal. Nós
temos um programa importante pela frente e é importante realizá-lo de forma
muito séria e sem demora.
Eu escolhi este último
caminho, que é muito mais difícil e possui muito mais riscos e privações do que
sentar na prisão. Eu tive que me separar da minha querida esposa e filhos, da
minha mãe e irmãs, para viver como um fora da lei na minha própria terra. Eu
tive que fechar o meu negócio, abandonar a minha profissão e viver na pobreza e
miséria, como muitas pessoas estão fazendo. Eu vou continuar a agir como
porta-voz do Conselho Nacional de Ação durante a fase que se desdobra e nas
batalhas difíceis que vêm pela frente. Eu vou lutar contra o governo lado a
lado com você. Palmo a palmo, milha a milha, até que a vitória seja alcançada.
O que você vai fazer? Você vai se unir a nós ou vai cooperar com o governo e
seus esforços de reprimir as reivindicações e aspirações de nosso povo? Ou você
vai permanecer em silêncio e neutro na questão de vida ou morte para o meu
povo, nosso povo? Eu fiz a escolha de minha parte. Eu não vou abandonar a
África do Sul, nem vou me render. Somente através de provisões, sacrifícios e
ação militante a liberdade pode ser conquistada. A luta é minha vida. Eu vou
continuar a lutar por liberdade até o fim dos meus dias.
(Nelson Mandela)
(trecho de carta escrita em
1961)
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