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sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Câmara paga R$ 1,7 milhão a gráfica de fachada



A gráfica de fachada da periferia de Brasília que recebeu quase R$ 400 mil de apenas um deputado não tem apenas um cliente no Congresso Nacional. A firma sem máquinas, bobinas e funcionários é uma das empresas que mais recebe recursos do “cotão” da Câmara, verba paga aos parlamentares mediantes reembolso para bancar inúmeras despesas sem licitação. Desde 2009, os deputados usaram dinheiro público para, indiretamente, fazer a Casa gastar com a Gráfica e Papelaria BSB R$ 1,79 milhão, valor que só vem crescendo. Mas, como mostrou o Congresso em Foco ontem, a sede da empresa é a residência do proprietário. O endereço da empresa é uma casa simples no setor “P” Norte, de Ceilândia, no final de uma rua pavimentada, mas cercada por outras de terra. O dono admite que apenas “terceiriza” o serviço, sem reconhecer que isso pode encarecer o preço e sem revelar quais seriam as verdadeiras gráficas que imprimem os materiais pagos com dinheiro público. Orçamentos obtidos pelo site mostraram preços mais baratos cobrados por gráficas da concorrência.
O ex-governador Carlos Bezerra (PMDB-MT) foi o maior contratante da Gráfica BSB, pertencente ao vendedor Edivaldo Francisco Oliveira. Sozinho, Bezerra gastou R$ 392 mil. Ele disse que fez boletins informativos. Em fevereiro, pagou R$ 20 mil por 140 mil exemplares frente e verso. Em gráficas de Brasília, o serviço sai por pouco menos de R$ 8 mil ou R$ 18 mil caso o material seja impresso em quatro páginas. Bezerra disse ao site que recebeu os boletins e que não tem eventual responsabilidade em caso de irregularidades. Sozinhos, o ex-governador do Mato Grosso e mais quatro deputados foram responsáveis por 56% de tudo o que a gráfica BSB recebeu da Câmara de 2009 até hoje.

O deputado Padre João (PT-MG) é o segundo que mais gastou com a gráfica de fachada: R$ 214 mil. Ele disse que os serviços foram prestados, mas encerrou o negócio com a empresa depois que descobriu que ela, na verdade, não existia. O parlamentar afirmou ao site a gráfica de Edivaldo sempre entregou os materiais impressos no prazo solicitado e ele nunca questionou a regularidade do fornecedor. “Ninguém foi lá na gráfica acompanhar. Depois que descobri que terceirizava, paramos, pois abre margem para irregularidade”, disse o parlamentar ao site. Na opinião do deputado, a terceirização não aumentou os custos de produção do material. Ele disse que a gráfica sempre cobrou “um preço razoável”.

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