"A CBF só usufrui dos
nomes dos jogadores, arrecada, tem não sei quantos patrocinadores, mas não faz
nada para melhorar o futebol brasileiro", afirmou o jogador, no Rio de
Janeiro. Procurada pela Agência Brasil, a CBF não comentou. Para Zico, um dos
maiores problemas do futebol brasileiro é ausência de escolas de formação de
atletas e condições de reter talentos, desafios que recaem sobre os clubes.
Segundo ele, a CBF, além de não auxiliar os times nessas tarefas, tira
proveito. “É muito fácil um clube sofrer, passar cinco anos preparando jogador
e a CBF vai, pega, leva para seleção dela, é campeã da [categoria] sub-17 e
sub-18, mas não deu uma ajuda sequer ao clube”, criticou.
Ex-jogador de três copas,
Zico disse que jovens atletas devem ter o direito de buscar melhores condições
de vida no exterior, mas, em defesa do esporte nacional, os clubes no Brasil
devem ser fortalecidos pela confederação. “Ninguém pode impedir o direito do
jovem, mas a CBF podia ajudar os clubes, fazer com que tivessem mais poder”,
completou. Para ele, há uma histeria por jogar em times europeus, “como se o
futebol brasileiro não fosse importante”. Para reverter o quadro, Zico defende
que os próprios clubes, que escolhem a diretoria da CBF, opinem sobre o uso dos
recursos da organização. “A politica atual não está sendo benéfica ao futebol
brasileiro, mas aos clubes europeus. E a CBF senta na cadeira, muito cômoda. A
hora que precisa, traz os jogadores, não paga nada. Lamento profundamente que
os clubes estejam comprometidos com a eleição do presidente, mas não tenham o
apoio que deveriam ter”.
Zico também criticou a
ausência de cursos para comissão técnica; a escolha de jogadores de base por
características físicas, em vez do talento; e a ausência de torcedores nos
estádios. "O Brasil é tido como país do futebol, mas tem 7 mil, 8 mil
pessoas [por jogo] no estádio. Na Alemanha tem 40 mil, 50 mil, 60 mil. Quer
dizer, que país do futebol é esse?", questionou. “Os clube estão enfraquecidos,
os melhores jogadores não estão aqui”, justificou, sobre o baixo comparecimento
do público. As declarações foram dadas em dia de decisão da Copa SOC14L, que
promoveu um campeonato de futebol entre times de projetos sociais atendidos em
comunidades cariocas.
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