A manutenção do percentual
de 4,5% de correção da tabela do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) para
2015, anunciada pela presidente Dilma Rousseff em pronunciamento em rede
nacional de rádio e TV na noite de quarta-feira (30), agrava uma defasagem que
atualmente está em 61,42% ante a inflação oficial. A avaliação foi feita nesta
quinta-feira (1º) pelo presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais
da Receita Federal (Sindifisco Nacional), Cláudio Damasceno. “Quando se corrige
a tabela do IRPF abaixo da inflação oficial, todos os trabalhadores são
prejudicados. O maior afetado, claro, é o de baixa renda. A presidenta disse
claramente que esses 4,5% vão ‘significar um importante ganho salarial indireto
e mais dinheiro no bolso do trabalhador’. Como é que o trabalhador ganha alguma
coisa pagando por aquilo que não deveria pagar?”, criticou Damasceno.
A expectativa do Sindifisco
Nacional é que já na semana que vem o Projeto de Lei 6.094/13 que corrige a
tabela seja votado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos
Deputados. Pela proposta, a tabela do IRPF seria reajustada entre 2015 e 2024
em 5%, mais a variação do rendimento médio do trabalhador, medido pela Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). Após 2024, os 5% saem desse cálculo.
O PL 6.094/13 integra a Campanha Imposto Justo, lançada pelo Sindifisco
Nacional em maio do ano passado, e não atrela a correção da tabela a qualquer
índice inflacionário.
O projeto serviu de base
para a Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) impetrada pela Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB), em março, no Supremo Tribunal Federal (STF). A ação,
cujo relator é o ministro Luís Roberto Barroso, pede a correção da tabela para os
isentos do pagamento de imposto de renda, segundo a inflação medida pelo Índice
de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A OAB argumenta que há defasagem
acumulada de 61,24% no cálculo durante o período de 1996 a 2013, de acordo com
o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos
(Dieese).
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