"A Copa do Mundo começa
daqui a menos de dois meses, quando o Brasil enfrentará a Croácia em São Paulo,
no dia 12 de junho. Isso considerando, é claro, que o estádio estará pronto -
ele ainda está em obras. De qualquer forma, parece que a principal competição
do futebol mundial irá definir outras coisas além de qual nação tem o melhor
futebol do mundo. Ela também poderá exercer influência crucial nas eleições
presidenciais brasileiras, marcadas para outubro". Assim começa reportagem do jornal britânico
"Financial Times" publicada no último domingo, cujo título é "O
belo jogo expõe as falhas horríveis do Brasil" (The beautiful game exposes
Brazil's ugly flaws). De acordo com a publicação - um dos jornais de economia
mais respeitados do mundo -, a Copa do Mundo é "uma nuvem negra" no
horizonte da presidente e candidata a reeleição.
"Grande parte dos
problemas se anunciam no Rio de Janeiro, onde uma série de crises colocaram um
grande ponto de interrogação sobre a pretensa capacidade do Brasil de organizar
um evento tão complexo quanto uma Copa do Mundo, para não falar dos Jogos
Olímpicos, que a capital fluminense sediará daqui a dois anos", escreve o
"FT". A matéria recorda ainda as manifestações ocorridas durante a
Copa das Confederações, em junho do ano passado, que teriam chocado a classe
política brasileira. "Centenas de milhares tomaram as ruas da nação e
enfrentaram a polícia, exigindo o fim da corrupção que aflige todas as
instituições", afirma a reportagem, que afirma também que as manifestações
foram mais intensas no Rio de Janeiro, onde há falta de infraestrutura e onde
políticas de pacificação das favelas falharam.
Para o jornal, incidentes
envolvendo corrupção policial e a volta de traficantes a favelas 'pacificadas'
deixaram a cidade ainda menos segura do que era há um ano: "Roubos e
assassinatos estão em alta, e confrontos armados entre traficantes e policiais
estão de volta ao noticiário. A população está assustada". A reportagem
britânica afirma que os protestos do ano passado foram feitos majoritariamente
pela população de classe média, e que "os moradores da favela se
mantiveram fiéis ao Partido dos Trabalhadores, de Dilma", mas, durante a
Copa, "se os manifestantes voltarem às ruas, não serão necessários muitos
incidentes envolvendo gangues cariocas e turistas estrangeiros para que se
levantem dúvidas quanto a competência de Dilma Rousseff". Por fim, a
reportagem do Financial Times profecia: "Se o Brasil falhar na organização
da Copa, Dilma talvez tenha que procurar outro emprego, e só poderá culpar a si
mesma. (...) A mensagem dos protestos do ano passado não poderia ter sido mais
clara. O Brasil precisa acabar com a corrupção e focar em saúde, educação e
transporte. Se não fizer isso, o governo será punido".
Uol.com
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