O Brasil é protagonista no
teatro latino-americano que pretende isentar Nicolás Maduro de responsabilidade
pela violência na Venezuela. Já são 28 os mortos desde o início dos protestos
contra o governo de Nicolás Maduro na Venezuela, segundo dado atualizado pela
Promotoria do país. Existem evidências suficientes de que por trás de muitas
das mortes estão os chamados “coletivos”, milícias armadas e motorizadas que
ganharam um endosso especial de Maduro quando, em 5 de março, primeiro
aniversário da morte de Hugo Chávez, o ditador falou em cadeia nacional de
rádio e televisão e pediu ao povo, em especial aos grupos chavistas, que
seguissem “a ordem do comandante Hugo Chávez: vela que se acende, vela que apagamos
com o povo organizado para garantir a paz a nosso país”. Não tanto um chamado à
concórdia, mas à repressão contra os manifestantes para garantir uma paz
baseada no silêncio da oposição. Enquanto a Venezuela sofre sob a ditadura
chavista, a maioria dos vizinhos latino-americanos encena um teatro que faz
deles cúmplices das mortes de venezuelanos. E nessa farsa o Brasil,
infelizmente, exerce papel de protagonista.
Em fevereiro, a presidente
Dilma já tinha dito, na Bélgica, que “não cabe ao Brasil discutir o que a
Venezuela tem a fazer, até porque seria contra a nossa política externa. Não
nos manifestamos sobre a situação interna de nenhum país” – hondurenhos e
paraguaios certamente teriam muito a dizer sobre a “não interferência”
brasileira em seus assuntos. O Brasil já tinha assinado uma nota absurda do
MERCOSUL em apoio ao governo de Nicolás Maduro. Mas os acontecimentos dos
últimos dias tornam ainda mais vergonhosa a atuação da diplomacia brasileira,
que já foi uma das mais respeitadas do mundo, mas agora vive de joelhos diante
da ideologia bolivariana.
Continua...
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