O Brasil, por exemplo,
ajudou a barrar, no dia 7, o envio de uma missão da Organização dos Estados
Americanos (OEA) à Venezuela. O argumento pífio do Itamaraty era o de que o
fato de a entidade incluir os Estados Unidos desaconselhava uma ação da OEA. Em
outras palavras, só os aliados ideológicos de Maduro teriam a isenção
suficiente para analisar a convulsão social venezuelana. Em vez disso, foi
aprovada uma resolução insossa, quase condescendente com o governo chavista,
como se Maduro estivesse realmente disposto ao diálogo e à reconciliação –
apenas Estados Unidos, Canadá e Panamá se opuseram ao texto.
Em vez da OEA, entrou em
ação a União das Nações Sul-Americanas (Unasul), quase uma organização-satélite
do bolivarianismo, presidida pelo ex-ditador e atual presidente do Suriname,
Dési Bouterse, contra o qual existe até um mandado internacional de prisão por
tráfico de drogas. Na quinta-feira, os chanceleres dos países membros da
entidade assinaram mais uma nota em que respaldam os “esforços do governo da
República Bolivariana da Venezuela para promover um diálogo entre o governo,
todas as forças políticas e atores sociais” – embora os únicos esforços
governamentais feitos até agora são os de prender opositores e colocar os
“coletivos” para disparar contra manifestantes, ações que não são nem sequer
mencionadas no texto, duramente criticado pelo que sobrou da oposição
venezuelana.
Agora, a Unasul pretende
enviar “mediadores” à Venezuela, medida aplaudida pelo chanceler venezuelano,
Elías Jaua. Antes da nota da entidade, a oposição venezuelana já havia pedido à
Unasul que olhasse com objetividade para a aflição da Venezuela. A nota de
quinta-feira mostrou que a súplica passou em branco, ampliando o temor de que o
grupo de mediadores, influenciado pelo bolivarianismo, já tenha praticamente
prontas suas conclusões antes mesmo de colocar os pés no país, dando seguimento
à farsa de que a diplomacia brasileira parece participar com alegria.
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