Vice-presidente da Câmara
dos Deputados, André Vargas (PT-PR) sugeriu ontem durante uma troca de
mensagens pelo celular enquanto participava da cerimônia de abertura do ano
legislativo que gostaria de dar "uma cotovelada" no presidente do
Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, que estava ao seu lado naquele
momento. Na troca de mensagens, o interlocutor do petista pergunta: "Ele
puxou conversa com você?". Vargas responde: "Não". A pessoa lhe
responde: "E aí? Não vai quebrar o gelo não? Nem um Olá? Pergunta pra ele
se vai assinar a prisão do j. Paulo?", numa alusão ao deputado condenado
no julgamento do mensalão, João Paulo Cunha (PT-SP), que aguarda mandado de
prisão. Vargas responde: "Da uma cotovelada (sic)". Procurado mais
tarde pelo Estado, o deputado petista afirmou: "Não tenho nada a comentar,
mas essa mensagem existe".
Ainda na Mesa Diretora da
Câmara, onde se realizava a cerimônia, Vargas fez questão de repetir por várias
vezes o gesto feito pelo ex-ministro José Dirceu e pelo ex-deputado Jose
Genoíno (PT-SP) quando foram presos, em novembro, em decorrência do mensalão:
braço erguido com o punho fechado. Vargas afirma que fez o gesto como forma de
mostrar solidariedade a todos eles, uma vez que considera que o julgamento foi
de exceção. O deputado petista disse ainda que Barbosa age com
"sadismo" e de forma perversa com João Paulo Cunha, cuja ordem de
prisão não foi expedida, embora a execução de pena já tenha sido determinada.
"Parece que ele (Barbosa)
está se comportando de forma sádica. Num dia, deu uma sentença negativa aos
recursos do João Paulo. Esperava-se que ele já decretasse a prisão. O João
Paulo veio para se entregar eventualmente, já que não teria alternativa. E ele
não deu. Saiu de férias. E lá, das férias, criticou os ministros que não o
fizeram. Em minha opinião, ele age de forma perversa ao se comportar desta
forma. Deixou o João Paulo durante todo o recesso esperando o pior. É
lamentável que aconteça (a prisão), mas é inevitável", disse.
Vargas não quis dizer se
João Paulo deveria ou não ser cassado - três deputados condenados no mensalão
renunciaram antes de ir para a prisão. "É uma decisão que vai ser da
coletividade, do plenário. E com o voto aberto todo mundo vai saber o que cada
um acha na hora de votar."
Dentro do PT, Vargas é um
dos principais defensores dos condenados no mensalão. Ele integra a mesma
corrente interna dos condenados: a Construindo Um Novo Brasil (CNB), a mesma
também do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.
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