Além dos
impasses político-eleitorais da base aliada terem impedido o avanço de projetos
no Congresso Nacional em 2013, o governo da presidente Dilma Rousseff também
atuou diretamente em alguns casos para que isso ocorresse. Especificamente, em
questões trabalhistas, que afetam justamente a forte base sindical petista.
O caso mais evidente foi no debate sobre a regulamentação do direito de
greve do serviço público no País. A estratégia do governo, apresentada na
Comissão Mista de Consolidação das Leis no Congresso que discute o assunto, foi
orientar a base a evitar que ela avançasse. Atualmente, o direito de greve
consta das disposições transitórias da Constituição de 1988 e, por essa razão,
precisa ser regulamentado. O relator da proposta é o senador Romero Jucá
(PMDB-RR). No seu texto, ele toma medidas que tornam mais rígidas as regras.
Por exemplo, proíbe três categorias de parar os serviços: Forças Armadas, Polícia
Militar e Bombeiros. Também obriga que, nos setores de segurança pública e
controle de tráfego aéreo, seja mantido 80% do seu funcionamento durante a
greve. Para serviços essenciais, como hospitais e setores de energia, água e
recolhimento de lixo, esse índice fica em 60%. A greve será declarada ilegal
caso esses porcentuais sejam descumpridos.
Fica suspenso o pagamento de remuneração correspondente aos dias não
trabalhados para os grevistas, assim como eles não serão contabilizados como
tempo de serviço. As centrais sindicais reclamaram. "É um projeto que
acaba com o direito de greve. O senador precisa ouvir as entidades. Greve com
80% dos servidores trabalhando não é greve", afirmou um dos diretores da
Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público (Condsef), Sérgio Ronaldo. O
órgão é ligado à Central Única dos Trabalhadores (CUT), braço sindical petista.
As centrais querem que a proposta inclua a regulamentação das negociações
coletivas e questões sobre eleição de dirigentes sindicais. Jucá rebate as
críticas e alega que o texto tenta garantir que a população não fique sem
serviços essenciais durante as paralisações dos trabalhadores.
A atuação da bancada do PT na comissão mista ilustra bem o
distanciamento providencial do governo da discussão. Único petista a integrar a
comissão, o senador Jorge Viana (AC) raramente comparece às reuniões.
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