A sonegação no Brasil é 20 vezes
maior do que o valor gasto com o Programa Bolsa Família. O cálculo é do
Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz), que volta a
ser exibido, em Brasília, o Sonegômetro, para mostrar os prejuízos que o país
tem com a sonegação.
O placar, online, indica que a
sonegação fiscal no Brasil está prestes a ultrapassar a casa dos R$ 400
bilhões. Desenvolvido pelo Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda
Nacional (Sinprofaz), o Sonegômetro apresenta, em tempo real, o quanto o país
deixa de arrecadar todos os dias.
Para o presidente do Sinprofaz,
Heráclio Camargo, a sonegação caminha em conjunto com a corrupção. “A sonegação
e a corrupção caminham juntas porque a corrupção precisa do dinheiro da
sonegação para financiar as campanhas de políticos inescrupulosos e fomentar o
círculo vicioso da lavagem de dinheiro”, disse ele.
“Infelizmente, o Brasil é leniente”,
ressaltou Camargo, porque permite a inscrição, com o Cadastro Nacional da
Pessoa Jurídica (CNPJ), de empresas localizadas em paraísos fiscais. Segundo o
presidente do Sinprofaz, basta procurar em todos os jornais, em notícias
recentes e em todas as operações da Polícia Federal.
“É só observar que, em todos os
mensalões de todos os partidos, usam-se mecanismos sofisticados de lavagem de
dinheiro, e o governo federal não muda essa sistemática de permitir que
empresas instaladas em paraísos fiscais sejam donas de hotéis, de restaurantes.
São negócios que têm uma fachada lícita, mas muitos deles servem para lavar
dinheiro”, reclamou.
Nos cálculos feitos por Camargo, R$
400 bilhões representam aproximadamente 10% do Produto Interno Bruto (PIB, soma
de todas as riqueza produzidas no país), 25% do que é arrecadado. É 20
vezes mais do que se gasta com o Bolsa Família. De acordo com Camargo, mesmo
com os questionamentos sobre esse programa, ele é benéfico para a economia,
pois os recursos dele criam um circulo “virtuoso” da economia local. “Imagine
se pegássemos 20 vezes esse valor e investíssemos em saneamento básico, na
melhoria dos salário dos professores e na estruturação das carreiras de Estado.
Seria um outro país, com R$ 400 bilhões a mais do que temos agora.”
Isso sem contar os valores da dívida
ativa, que está em R$ 1,4 trilhão, acrescentou Heráclio. Ele destacou que
os procuradores sequer têm um servidor de apoio por procurador, enquanto os
juízes têm de 15 a 20 servidores. “Os culpados pelo sucateamento da
Procuradoria da Fazenda Nacional são o Ministério da Fazenda e a Advocacia-Geral
da União.” Para ele, é importante que a sociedade cobre, pois existem 300 vagas
em aberto para a carreira de procurador e não há, também, carreira de apoio
para combater o que ele considera "sonegação brutal" [R$ 400 bilhões]
e tentar arrecadar melhor essa dívida de R$ 1,4 trilhão.
“São quase R$ 2 trilhões que estão aí
para ser cobrados, e o governo pune os mais pobres e a classe média com uma
tributação indireta alta e, notadamente, com a contrapartida baixa que é dada
pelo Estado brasileiro, afirmou”.
Poder & Política
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