É o que sempre dissemos: não adianta Mais Médicos, interiorizar
a saúde, se a infraestrutura for falha. Está se mostrando ineficiente e atinge
justamente este que é considerado o maior programa de saúde pública do mundo: o
Sistema Único de Saúde, popularmente conhecido como SUS.
Não é preciso ser nenhum estudioso para saber que a saúde do
Brasil vai mal. A Televisão mostra diariamente, em tom de denúncia, gente
morrendo nas filas, pacientes sendo recusados nos hospitais, unidades paradas
por falta de recursos para manutenção de máquinas e equipamentos, obras de
reforma paralisadas, ausência de médicos e um sem fim de situações que mostram
que sucatearam a saúde.
E a justificativa que vão dar é que a situação chegou a esse
ponto porque as “elites” acabaram com a CPMF. Lembram dela? Aquela Contribuição
Provisória Sobre Movimentação Financeira que, quando foi criada para financiar
a saúde, o PT foi contra e depois, quando virou governo, queria transformar o
provisório em permanente?
Mas o problema, como as próprias entrevistas de TV mostram, não
é de recursos, mas de gestão. Ou da falta dela. E o governo conseguiu arrasar a
saúde no país. Em apenas 12 anos conseguiram destruir o que tínhamos de melhor.
Pelo menos, funcionava, se não era o ideal. Agora, nem isso. Dados, fatos e
números vêm para corroborar com o que estou afirmando. Uma das maiores agências
de notícias mundiais, a Bloomberg informa que o Brasil ficou com o último lugar entre os sistemas de saúde do mundo
inteiro – o levantamento considerou apenas as nações com populações maiores que
5 milhões, com o PIB per capita superior a US$5.000 e expectativa de vida
maior que 70 anos.
Entre os 48 países avaliados, o Brasil fica atrás de países como
Romênia, Peru, República Dominicana, Irã e Argélia. Hong Kong, Singapura, Japão
e Israel são respectivamente os quatro primeiros colocados, com o melhor sistema
de saúde.
E o que mais é surpreendente é que o custo da saúde no Brasil é,
em média, de US$ 1,200 (R$ 2.900), acima de muitos países, inclusive de
primeiro mundo. Cuba, por exemplo, que tem uma medicina famosa por seu caráter
preventivo, alardeado por todo o mundo, a um custo pouco acima de US$ 600 (R$
1.400). Aqui, é quase o dobro e só conseguimos marcar uma consulta no SUS para
daqui a seis meses. E essa avaliação minha, faço com muito boa vontade, porque
há prazos que chegam há um ano!
Mas é que saúde de pobre não dá Ibope, não dá voto e só sai na
TV se o paciente morrer na fila ou se for denunciado desvios monumentais de
verbas públicas! Fora isso, é raro aparecerem nas reportagens casos onde a
saúde pública é exemplo.
Não adianta Mais Médicos, se eles não tem para onde encaminhar
os pacientes. Ou se reestrutura radicalmente a rede, ou, muito em breve, vamos
ter um colapso. E não adianta apresentarmos números mágicos da economia, se
ainda não damos o básico a população: saúde, educação, segurança pública,
alimentação, moradia e emprego!
De resto, vamos só contabilizando os piores indicadores: a pior
saúde, a pior educação, a pior segurança. São os indicadores internacionais que
dizem isso. Não sou eu! Só faço o alerta à sociedade e aos governos!
Heraldo Rocha é médico, ex-deputado
estadual, vice-presidente estadual e presidente municipal do Partido Democratas
de Salvador.
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