O presidente do CFM (Conselho Federal de Medicina), Roberto
D'Ávila, afirmou na manhã desta segunda-feira (23) no Recife que o embate
jurídico entre o governo e as entidades médicas vai continuar.
“Segundo Ávila, os médicos não recuaram e estão “defendendo a
população”, enquanto os demais representantes do Ministério da Saúde estão
defendendo interesses de poder por meio de um programa demagógico e
eleitoreiro”.
No final da semana passada, depois de seguidos embates, a entidade
recomendou aos conselhos regionais a concederem registros profissionais a
médicos estrangeiros e brasileiros formados no exterior.
A decisão ocorreu após um parecer da AGU (Advocacia Geral da
União) solicitar que o Ministério da Saúde repasse, em até 15 dias, os nomes e
endereços comerciais dos médicos tutores e supervisores dos profissionais
inscritos no Mais Médicos.
Se esse prazo não for cumprido, o conselho ameaça entrar novamente
na Justiça para cobrar do governo federal a entrega dos dados.
Os conselhos do Rio Grande do Sul e Ceará já expediram o documento
para médicos estrangeiros. Outros 11 profissionais serão registrados em
Pernambuco na tarde desta segunda-feira (23).
"Fomos mal interpretados na nossa reivindicação, que não tem
objetivo de impedir a execução do programa. Mas esse parecer da AGU reconhece
de forma clara que nossa causa é justa", acrescentou o vice-presidente do
CFM, Carlos Vital.
Apesar da decisão, representantes dos médicos não pouparam críticas
à Medida Provisória 621, que criou o programa.
"O governo nos últimos 12 anos deixou as unidades de saúde
sucateadas, não criou uma carreira para os médicos e, para esconder esse caos,
coloca agora o programa chamado Mais Médicos sem que a competência desses
médicos seja devidamente verificada. É uma irresponsabilidade", afirmou
D'Ávila.
O trabalho de fiscalizar os médicos portadores de registros
provisórios seria desempenhado, segundo o CFM, por meio das seccionais dos
conselhos estaduais nas regiões atendidas pelo programa e através de denúncias
da população.
"O governo federal parece não querer que tenhamos contato com
os profissionais, mas vamos usar a mesma metodologia aplicada hoje, de ir às
unidades de saúde e falar com a população", afirmou.
Fonte: Folha
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