A piora do
mercado de trabalho neste ano atingiu com mais força o Nordeste. De janeiro a
julho, a região fechou 8.652 vagas formais, o primeiro saldo negativo desde
2003, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).
No mesmo período
de 2012, 58,9 mil postos com carteira assinada foram criados. A geração de
emprego também perdeu força no resto do país, mas o saldo nas demais regiões
segue positivo em 2013.
O setor que mais
desempregou no Nordeste foi a indústria, principalmente por causa da
entressafra da cana, que afeta a produção de açúcar e álcool.
Isso ocorre
todos os anos, o problema é que desta vez outros setores também demitiram ou
geraram vagas insuficientes para compensar esse fenômeno, diz a economista
Milena Prado, do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos) do Recife.
Em toda a
região, a diferença líquida entre contrações e demissões mostra o fechamento de
9.038 vagas formais no comércio e de 1.447 na agropecuária. Já o setor de
serviços e o de construção continuou gerando vagas, mas em quantidade bem menor
que em 2012.
Segundo Prado, a
agropecuária vem sofrendo com a seca prolongada, o que reduz a renda da
população, atrapalhando o comércio.
Além disso,
outros fatores estão afetando o varejo no país e têm especial influência sobre
o Nordeste, diz o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio, Carlos
Thadeu de Freitas, ex-diretor do Banco Central.
A inflação alta
dos alimentos, o elevado endividamento das famílias e o crescimento menor do
salário mínimo neste ano limitaram a expansão do consumo, principalmente entre
as classes de renda mais baixas, afirma.
"Vendas
fracas batem direto no emprego. Como os trabalhadores do comércio são menos
qualificados, as empresas demitem rapidamente e recontratam depois."
Já a construção
civil continuou gerando vagas neste ano, mas a criação de postos caiu 65% em
relação aos primeiros sete meses de 2012.
Houve desemprego
em cinco Estados, como Maranhão e Pernambuco. Segundo representantes dos
trabalhadores e das empresas do setor nos dois Estados, houve fechamento de
vagas tanto por causa do avanço de grandes obras como por atraso.
No caso de
Pernambuco, uma das origens das demissões, dizem, foi o término da fase de
construção mais pesada da refinaria Abreu Lima, da Petrobras.
Por outro lado,
obras da ferrovia Trans Nordestina e da transposição do rio São Francisco
seguem em ritmo lento.
"As obras
do PAC [programa de obras do governo federal] estão diminuindo ou paradas. Há
promessas, mas não há obras novas", disse Aldo Amaral, que representa os
trabalhadores da construção pesada de Pernambuco.
No Maranhão, o
setor imobiliário está demitindo, diz Claudio Calsavara, que representa a indústria
local. Segundo ele, o estoque de imóveis aumentou porque a demanda não
acompanhou a expansão recente das construções.
Além disso, diz
José Belo, da indústria de construção pesada, houve demissões com o término da
terraplanagem da refinaria Premium, da Petrobras. Não há previsão para a
próxima fase das obras. Procurada, a Petrobras não respondeu ao questionamento.
Fonte: Folha
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