Suicídio da influenciadora digital e youtuber
Alinne Araújo alerta para perigos do linchamento público na internet e para
necessidade de buscar ajuda em casos de sintomas de depressão, ansiedade e
outros
O suicídio da influenciadora digital e youtuber Alinne
Araújo, de 24 anos, confirmado na semana passada, causou comoção e levou a um
questionamento: até que ponto a exposição nas redes sociais pode contribuir
para agravar transtornos mentais já instalados?
Alinne foi assunto recorrente nas últimas semanas na
internet, após seu ex-noivo romper o relacionamento por WhatsApp um dia antes
do casamento dos dois. Depois de desabafar nas redes sociais, Alinne decidiu
manter a festa – que já estava paga – casando “com ela mesma”. Esse foi o
estopim para muitos comentários de apoio, mas também para uma série de críticas
que foram postadas em suas redes sociais.
“As redes sociais se tornaram uma espécie de diário, onde
a exposição é muito grande e para um número enorme de pessoas, que se sentem no
direito de opinar. Quando existe a tendência de se alimentar da opinião do
outro e se é muito influenciado por ela, por questões de personalidade, isso
pode gerar angústia, ansiedade e agravar transtornos já existentes”, explica a
psiquiatra da Holiste Livia Castelo Branco.
A especialista destaca que já existem estudos que apontam
que as pessoas que produzem conteúdos para as redes sociais e internet estão
mais vulneráveis a quadros depressivos e ansiosos, em função do excesso de
exposição à resposta dos outros e à forma como a pessoa lida com isso.
“É preciso ter cuidado. As redes sociais sujeitam a
pessoa ao linchamento público, e as opiniões mudam muito rápido. Não é fácil
lidar com isso. Para prevenir problemas assim, é importante ter moderação no
uso dessas ferramentas, não esquecendo do contato pessoal. Além disso,
variações de humor e excessos pode significar que a pessoa precisa de ajuda
especializada. Os familiares e amigos também podem ajudar nesse momento, pois
muitas vezes a pessoa pode não perceber que está com problemas”, alerta Livia.
Suicídio, um mal posto em
silêncio
A psiquiatra da Holiste,
Fabiana Nery, alerta para o risco de se avaliar um suicídio como algo
ideológico ou como uma escolha. “O suicídio não é escolha, não é um
comportamento, ele é um sintoma de agravamento de uma doença instalada. A forma
como ele ocorre pode ser modulada pela personalidade e pelo momento de vida da
pessoa. Mas o ato suicida, em 95% dos casos, não ocorre se não há uma doença
que se agrava e leva a isso”, enfatiza a médica.
O número de mortes por suicídio gira em torno de 1 milhão
ao ano, o que representa cerca de 1% das mortes em todo o mundo. Essa alarmante
realidade aponta para o fato de que é necessária uma abordagem mais séria,
constante e ampla sobre o assunto.
Fabiana
destaca que 80% das pessoas que se matam costumam dar algum aviso, normalmente
despercebido pelas pessoas próximas por não se tratar de algo direto, mas sim
de discursos como “não tenho mais vontade de fazer nada”, “se eu tivesse uma
doença e morresse seria melhor”, entre outros. Além disso, comportamentos como
a desistência de planos e sonhos, isolamento e falta de esperança são sinais de
alerta.
Litiane de Oliveira
Executiva de Contas
Agência de Textos Comunicação
Corporativa