O
governo venezuelano anunciou, hoje (10), a intenção de reabrir a fronteira do
Brasil com a Venezuela. A medida foi anunciada pelo vice-presidente de
Economia, Tareck El Aissami, que também informou que as fronteiras entre a
Venezuela e Colômbia permanecerão fechadas. Segundo o Núcleo de Policiamento e
Fiscalização da Superintendência da Polícia Rodoviária Federal em Roraima, até
as 15 horas, o tráfego de veículos continuava retido e não havia nenhuma
comunicação oficial ao órgão, que está com efetivo rotineiro a postos na
BR-174.
Além
de voltar a liberar o tráfego de veículos entre Pacaraima, em Roraima, e Santa
Elena de Uairén, no estado de Bolívar, o governo do presidente Nicolás Maduro
permitirá o livre acesso a Aruba. Outras duas ilhas venezuelanas no Caribe,
Curaçao e Bonaire, bastante procuradas por turistas estrangeiros, permanecerão
“fechadas”.
“A partir de hoje, ficam
reestabelecidas as fronteiras com Aruba e com o Brasil”, declarou Aissami antes
de completar que a Venezuela manterá fechada as fronteiras com a Colômbia,
Curaçao e Bonaire até que “cessem as hostilidades, o assédio e a facilitação à
entrada de grupos paramilitares para agredir ao povo venezuelano”.
O presidente venezuelano,
Nicolás Maduro, determinou que militares venezuelanos restringissem o fluxo de
pedestres e veículos entre os dois países no dia 21 de fevereiro deste ano,
dois dias após o governo brasileiro anunciar o envio de alimentos e remédios
para a população venezuelana. Desde então, moradores de Santa Elena de Uiarén e
de Pacaraima tiveram a rotina alterada. Principalmente do lado venezuelano,
onde a vigilância é constante para impedir a entrada do que o Brasil classifica
como ajuda humanitária. Apesar da interrupção do trânsito de veículos, pessoas
continuaram atravessando, a pé, de um lado para o outro. Principalmente os
venezuelanos se aventuram por rotas alternativas à BR-174 para transitar entre
os dois países, carregando alimentos e outros produtos adquiridos do lado
brasileiro. Até mesmo crianças e adolescentes de Santa Elena de Uairén
continuaram cruzando a fronteira para seguir frequentando aulas do lado
brasileiro, onde estão matriculadas.
O
fechamento da fronteira foi mais um episódio na crise política e humanitária
que se instaurou na Venezuela nos últimos anos, motivando milhões de
venezuelanos a deixarem o país fugindo à falta de segurança, de alimentos e de
remédios e aos problemas na prestação de serviços públicos. A maioria destes
imigrantes buscou refúgio na Colômbia, país que, segundo algumas estimativas,
já recebeu mais de 1,2 milhão de venezuelanos.
Muitos venezuelanos vieram
para o Brasil, entrando por Roraima. De acordo com o escritório brasileiro da
Agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), até março deste ano, mais de
240 mil venezuelanos ingressaram em território brasileiro alegando fugir da
instabilidade política em busca de melhores condições de vida. Quase metade
deste total seguiu viagem para outros países de língua hispânica ou
simplesmente retornou ao seu país natal após algum tempo. Até março, o Brasil
já havia concedido refúgio ou visto de residência temporária a cerca de 160 mil
venezuelanos, de acordo com a Acnur.
Agencia
Brasil