O
ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou neste final de semana que
a decisão do Ministério da Saúde de não mais divulgar o total do número de
casos e de morte pela Covid-19 "é uma tragédia"."Não informar
corretamente significa que o estado pode ser mais nocivo do que a doença",
afirma ele.
Mandetta
participou de uma live com o ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo
Tribunal Federal), organizada pelo IDP (Instituto Brasiliense de Direito
Público).
Para ele, quando os números de epidemias começam a
explodir, "é quase que uma atração fatal do indivíduo falar: 'e se a gente
mudasse os números, maquiasse os números?'"
No caso da crise do novo coronavírus, esconder dados da
população "seria mais do que isso. Seria uma plástica transformadora. Me
parece que o que estão querendo fazer é uma grande cirurgia nos números".
O combate a uma doença como a Covid-19, que não tem cura
nem vacina, dependeria hoje exclusivamente do comportamento social das pessoas
-e, para se proteger, elas teriam que estar bem informadas, diz o ex-ministro.
Mandetta
afirma ainda que, quando saiu do governo, chegou a pensar que o fato poderia
levar o presidente Jair Bolsonaro a refletir, já que ele se opunha frontalmente
ao ex-ministro."Entrou o Nelson Teich, que é médico, e foi a mesma coisa.
Quer dizer, não era uma coisa [problema] comigo. Era uma coisa de não querer
nenhuma tomada de decisões que não fossem decisões políticas", afirma.
Depois da saída de Teich, os militares tomaram de vez o
ministério. O general Eduardo Pazuello foi oficializado como titular da pasta.
Mandetta diz que, "talvez nomeando alguém que não
tem muito compromisso com o setor de saúde", mas sim com uma cultura
militar, de lealdade e de cumprimento de missão, ficaria mais fácil
"manipular e torcer os números".
Segundo ele, a atitude seria de lealdade, mas uma
"lealdade burra e genocida"."Talvez seja isso o que a gente vá
presenciar: uma grande noite da ciência", disse ele.
Poder & Política
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