O
senador Angelo Coronel (PSD) afirmou que o Senado hoje não tem clima para votar
um eventual processo de impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem
partido). Para o parlamentar, a Casa precisa estar voltada para enfrentar a
pandemia do novo coronavírus, doença que já deixou mais de 12 mil mortos no
país.
“Não vamos agora deixar de
estar focados nisso para se preocupar agora com impeachment do presidente. Eu
acho que, se ele não melhorar, ele mesmo é capaz até de pedir a renúncia para
evitar um processo mais duro e mais doloroso”, avalia Coronel.
A
declaração foi dada nesta quarta-feira (13), durante uma live transmitida no Instagram.
“O Senado é quem faz o
impedimento. A Câmara vota sua admissão. Depois, vem para o Senado julgar o
presidente, se ele cometeu algum crime, principalmente de responsabilidade, ou
não. No Senado, não está se sentido esse clima”, acrescentou Coronel, que
também é presidente da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) das Fakes
News no Congresso. Dentre os alvos do colegiado está o vereador Carlos
Bolsonaro, filho do presidente, apontado como articulador de um esquema
criminoso de divulgação de notícias falas nas eleições de 2018.
Na opinião de Coronel, uma
possível destituição do mandatário nesse momento só poderá ocorrer por meio de
uma revolta popular. “Quando as ruas começaram a bradar, aí ninguém segura”,
diz.
obre
o atual imbróglio acerca de um vídeo no qual Bolsonaro vincula a mudança do
superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro a uma proteção de sua
família, Coronel afirma ser prerrogativa do Senado ter acesso à gravação —feita
numa reunião ministerial gravada pelo Planalto no dia 22 de abril, segundo
pessoas que tiveram acesso à filmagem.
Na
terça (12), o senador Otto Alencar, líder do PSD na Casa, cobrou acesso ao material,
que encontra-se sob poder do ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal
Federal).
Segundo Coronel, o decano
não deve se omitir em fornecê-lo. “Acredito que ele vá atender [ao pedido de
Otto] no dia de hoje ainda. O Senado tem que estar a par do que acontece nos
bastidores da República.”
“O Otto acertou em pedir. Se
é o Senado quem julga o presidente, claro que tudo o que tiver atinente ao
presidente tem que vir para o Senado. Para até que o Senado comece a formar um
juízo do que está acontecendo. Não pode simplesmente chegar as coisas para o
Senado depois que já está amplamente divulgado na mídia”, afirmou.
‘Moquequinha’ de generais
o apóiam:
Coronel afirma que, apesar de ter chegado ao
Planalto, Bolsonaro nunca desceu do palanque da Câmara dos Deputados, onde
esteve durante 27 anos. “Ele ainda continua na oposição. Só que ele está
esquecendo que ele é o presidente. Então, ele faz oposição a ele mesmo. Porque,
a partir do momento em que ele toma a atitudes que não têm nada a ver com os
anseios da sociedade brasileira, ele está indo de encontro a ele, de encontro
ao povo”, diz.
De acordo com o senador, já há alguns generais do
Exército “zangados” com o comportamento do presidente, embora uma “moquequinha”
ainda o apóie.
“Tem uma moquequinha, me desculpem o termo até
vulgar, mas tem aí uma firulazinha do Exército que ainda está ali dentro de
seus ministérios e em alguns cargos de confiança, que ele acha que vai ter essa
blindagem. Eu imagino que ele diz: ‘Eu tenho a força, ninguém me tira, posso
fazer o que eu quiser’. Aí é que ele está o enganado”, afirma Coronel.
Fonte: Bahia.ba
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