O
presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu hoje (27)
que a agenda prioritária da Casa deve focar na votação de projetos e medidas
emergenciais voltadas para o combate aos impactos econômicos e sociais da
pandemia do novo coronavírus (covid-19). Maia, que não falava com a imprensa
desde o dia 16 de abril, disse que passou o período refletindo, e afirmou que
não é o momento de polêmicas, que o Parlamento não pode ser um vetor de crises
com o Poder Executivo.
"O papel da Câmara [dos
Deputados] nos próximos dias é que a gente volte a debater, de forma
específica, a questão do enfrentamento ao coronavírus”, disse Maia após ser
questionado sobre os pedidos de investigação contra o governo, após a saída do ex-juiz Sergio Moro do
cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública.
Maia usou como argumento
para defender a votação de projetos relacionados ao coronavírus, as projeções
de consultorias econômicas de que os impactos econômicos da pandemia devem
gerar uma queda de até 10% do Produto Interno Bruto (PIB, todos os bens e
serviços prodizidos no país) este ano.
“Isso [a pandemia] vai gerar
um aumento do desemprego no Brasil. Já se projeta um aumento da taxa [de
desemprego] na ordem de 16%, o que vai significar mais 4, 5 milhões de
desempregados; aumento da economia informal, que vai chegando a 50% dos
empregos no nosso no país. São números muito dramáticos em relação a vida,
empregos e renda dos brasileiros”, disse.
Rodrigo
Maia disse ainda que ouviu de especialistas na área de saúde que o número de
mortes causadas pelo coronavírus deve aumentar nos próximos dias. Segundo o
deputado, a Câmara deve focar em debater o envio de recursos para estados e
municípios aumentarem o número de leitos de UTI e citou a situação dos estados
do Amapá, Pará, Pernambuco e São Paulo.
“É fundamental que isso [a
votação] avance rápido para que a gente não tenha um colapso no sistema de
saúde. Devemos voltar para a agenda que eu acredito que é a agenda que preocupa
todos os brasileiros. Não que os outros temas não possam existir, mas como eu
disse, a gente precisa ter paciência para ouvir, refletir e analisar tudo
aquilo que os parlamentares e a sociedade encaminham”, defendeu.
CPIs e impeachment:
O
presidente da Câmara evitou falar sobre os pedidos de aberturas de comissões
parlamentares de Inquérito (CPIs) para investigar as acusações do ex-ministro
da Justiça de que o presidente Jair Bolsonaro queria usar politicamente a
Polícia Federal, e disse que o custo do aumento na crise política seria a
aceleração nos indicadores de desemprego e do PIB.
“Ela [crise política]
impacta fortemente a confiança dos atores econômicos e dos que financiam a
dívida brasileira. É legitimo a sociedade e parlamentares, parte deles tentar
repercutir CPIs e outros instrumentos, mas acho que a Câmara deve, sob a minha
presidência, respeitando a posição de outros parlamentares, ter a paciência e o
equilíbrio para tratar do que é mais importante, a vida dos brasileiros e a
renda”, afirmou.
Ao comentar a saída de
Sergio Moro do Ministério da Justiça, Maia disse que era um “problema” do
Executivo. “Nomear e exonerar é problema do governo. Se tem problemas na forma
de nomear, você tem uma investigação proposta pelo [procurador-geral da
República, Augusto] Aras”, disse Maia.
Questionado
sobre o aumento no número de pedidos de impeachment contra
opresidente Jair Bolsonaro, Mais disse que não poderia comentar por ser o
“juiz” que vai decidir sobre a questão.
“Quando
se trata de um tema sobre o impeachment, eu sou o
juiz. Não posso ficar comentado temas em que a decisão é minha, de forma
independente. Então, é uma questão que a gente tem de tomar muito cuidado”.
Edição: Fernando Fraga/Agencia Brasil
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