Pesquisas recentes
mostram que estilo de vida saudável pode protelar avanço da patologia. O
mês de fevereiro começa com um alerta para a prevenção e conscientização sobre
a Doença de Alzheimer. Segundo dados do IBGE, entre 2012 e 2017, o Brasil
passou a ter mais de 30 milhões de idosos, o que equivale a 14% da população
brasileira. Um crescimento de quase 20% em 5 anos.
Na Bahia, o número de idosos cresceu quase 10%
em um ano, de 2017 a 2018. A população idosa chegou a 2,1 milhões em 2018, o
que corresponde a 14,4% da população do Estado. Este crescimento alerta para a
qualidade de vida dessa população e para um possível aumento dos quadros demências.
O Alzheimer está entre as doenças mais incapacitantes e que gera
sofrimento para o paciente e família, sendo necessário, às pessoas que cercam o
idoso, atenção aos sinais da patologia e aos fatores que podem prevenir ou
retardar o problema. Estudos indicam que um desses
fatores é a prática de atividade física. O psiquiatra e psicogeriatra da
clínica Holiste, André Gordilho (foto), aponta que uma pesquisa realizada por
25 cientistas de diversos países – entre eles, dois brasileiros –, publicado na
revista Nature Medicine, estabeleceu a relação entre o aumento dos níveis de irisina e uma possível
melhora na perda de memória causada pelo Alzheimer, o que pode representar mais
eficácia no tratamento e prevenção da doença.
“O mais interessante é que a irisina é um
hormônio produzido naturalmente pelo corpo durante a prática de exercícios
físicos. Ainda se discute muito sobre a prevenção da
demência. Mas, na medida em que avançamos no entendimento da
doença, fica mais claro a relação entre a incidência da doença e o estilo de
vida. Exercícios físicos, reeducação alimentar, evitar o tabagismo,
dormir bem e estimular o cérebro são hábitos bastante recomendados nesse
sentido”, recomenda o psiquiatra da Holiste, André Gordilho.
Dessa
forma, a adoção de hábitos saudáveis com uma dieta equilibrada, sono e prática
de exercícios regulares pode promover mudanças na qualidade de vida, melhorando
a saúde física e mental.
“Outras
abordagens terapêuticas, como a estimulação cognitiva, têm se mostrado
efetivas, já que contribuem para retardar a evolução da doença e preservar por
mais tempo as funções cognitivas”, completa André Gordilho.
O desafio da mente saudável:
Estima-se
que as demências tenham uma incidência de 10% a 15% nos adultos acima de 65
anos, em todo o mundo. A demência é um termo que engloba diversas doenças
neurodegenerativas progressivas, as quais envolvem um conjunto de sintomas
diretamente ligado à perda cognitiva, como problemas de memória, raciocínio, linguagem
e alterações de comportamento.
Existem
diversos tipos de demência, que podem ser separadas em dois grupos: reversíveis
e degenerativas. As principais síndromes demenciais são a Doença de
Alzheimer, Demência com Corpos de Lewy, Demência Vascular e a Demência
Frontotemporal.
“Para
cada tipo de manifestação da demência, existe um grupo de sintomas diferente e,
consequentemente, tratamentos diferentes, além da evolução individual de cada
um. Em idosos, sintomas como delírios e alucinações trazem riscos como a
possibilidade de fuga do lar, quedas ou agressões, bem como comportamentos
alterados com a família ou cuidadores”, explica o psiquiatra da Holiste Victor
Pablo da Silveira.
A doença de Alzheimer:
A
doença de Alzheimer é a síndrome com maior prevalência, representando 60% a 70%
dos casos demenciais. Seu avanço acontece de forma progressiva e
irreversível, afetando – de forma gradual – as funções cognitivas, como
atenção, concentração e raciocínio, trazendo também alterações no comportamento
e personalidade do indivíduo. Essas perdas ocasionam prejuízos
significativos na capacidade produtiva e nas relações sociais. Segundo
dados da Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz), mais de 1,6 milhões de
brasileiros sofrem com a doença de Alzheimer.
Cuidados na terceira idade:
Segundo
dados do IBGE, a expectativa é que em 2050 esse número supere os 60 milhões, o
que equivale a 30% de toda população, colocando o Brasil como um dos países com
maior população de idosos do mundo.
Envelhecer
é um processo inevitável, que acontece em todas as dimensões do ser humano:
cronológica, biológica e psicossocial. Caracteriza-se, principalmente,
por uma degradação orgânica e funcional do indivíduo, mas que não decorre de um
processo de adoecimento.
“Existe
o pensamento incorreto de que o envelhecimento está associado ao
adoecimento. Mas, o que esperamos é envelhecer de forma saudável, mesmo
com algumas limitações funcionais. É possível manter a independência e
autonomia, à medida do possível, e manter vínculos familiares e sociais
adequados, fazer atividades físicas e ser produtivo; que não seja trabalhando,
mas mantendo-se ocupado, mesmo que em um ritmo mais tranquilo”, explica o
psiquiatra André Gordilho.
Litiane de Oliveira é Jornalista da Agencia
at.com
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