O aumento do controle das empresas de tecnologia
sobre os dados pessoais e os constantes escândalos relacionados à falta de
segurança na privacidade, coleta, uso e compartilhamento inadequado dessas
informações obrigaram diferentes governos ao redor do mundo a criar leis
específicas sobre o universo online. No Brasil, foi criada, no ano passado, a
Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), que está prevista para entrar
em vigor em agosto de 2020. O problema é que a maioria das empresas ainda não
está pronta para atender às novas regras.
A LGPD regulamenta como as organizações – empresas,
bancos, órgãos e companhias públicas, entre outros – deverão coletar e tratar
informações pessoais de clientes e usuários, estabelecendo direitos, exigências
e procedimentos nessas atividades. Segundo o advogado Fábio Freire, sócio do
BSF Advogados, o espaço de dois anos entre a aprovação e a data em que a lei
deve entrar em vigor foi determinado para que as empresas pudessem adaptar suas
estruturas e métodos de trabalho para cumprir as novas exigências da
legislação. “A maior parte das empresas, porém, ainda não está preparada para
garantir os direitos e deveres da LGPD. Considerando que falta menos de um ano
para o término do prazo de adequação, alertamos às empresas que não posterguem
os ajustes e adequações para o devido cumprimento da norma”, recomendou.
A partir de agosto de 2020, qualquer instituição
pública ou privada que armazenar dados de seus clientes ou usuários,
mesmo informações simples como nome e e-mail, deve seguir os
procedimentos previstos na nova lei. Aqueles que desrespeitarem as exigências
estarão sujeitas a punições que dependem da gravidade da situação e vão desde
advertências até multa equivalente a 2% do seu faturamento, limitada ao valor
máximo de R$ 50 milhões. A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD),
criada este ano, é o órgão federal que vai garantir que as regras da LGPD sejam
cumpridas no país.
Segundo o advogado Fábio Freire, a legislação
estabelece que as organizações só poderão coletar dados pessoais se tiverem
consentimento do titular. “A solicitação deverá ser feita de maneira clara,
para que o cidadão saiba exatamente o que vai ser coletado, para quais fins e
se haverá compartilhamento”, destaca. Quando houver envolvimento de menores, os
dados somente poderão ser tratados com o consentimento dos pais ou responsáveis
legais. Se houver mudança de finalidade ou repasse de dados a terceiros, um
novo consentimento deverá ser solicitado.
Em caso de vazamento de dados, esse fato deverá ser
comunicado às autoridades competentes, para que tomem as medidas civis e
criminais necessárias. “Esta legislação, sem dúvida, representa um passo
importante por colocar o Brasil em posição equânime com outros diversos países
que possuem tratamento definido sobre o tema e traz, de forma expressa, a
importância da boa-fé no tratamento dos dados pessoais, exigindo-se bom senso e
transparência de quem lida com esses dados”, concluiu o sócio do BSF Advogados.
Redigido pela jornalista
Carla Santana
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