O
ex-presidente Lula afirmou, em mais uma entrevista concedida da carceragem da
Polícia Federal, em Curitiba, que vai provar que o ministro da Justiça, Sergio
Moro, e o chefe da Força Tarefa da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, são
bandidos. Na entrevista, concedida ao jornalista Bob
Fernandes, exibida na noite desta sexta-feira no canal dele no Youtube e
na TVE Bahia, disse ainda que só quer sair da prisão com "100% de
inocência."
Ele
respondeu não saber quanto tempo ainda vai permanecer em Curitiba, onde cumpre
pena por corrupção e lavagem de dinheiro, mas que não vai pedir progressão de
regime. "É daqui de dentro que eu quero provar que eles são bandidos e eu
não. É isso que eu quero provar."
Esta foi a primeira vez que o ex-presidente falou após a
decisão da juíza federal Carolina Lebbos, responsável pela execução de sua
pena, que autorizou a transferência dele para São Paulo. No mesmo dia, o STF
derrubou a decisão. "Significou (a decisão) a necessidade de se livrar do
Lula antes que ele possa sair daqui. Não conheço a juíza. Ela foi
irresponsável. Espero que a sociedade esteja vendo. Não quero ser tratado
melhor do que ninguém."
O
ex-presidente comentou que estava na prisão porque queria. Segundo ele, teve
muita oportunidade de sair do Brasil para não ser preso. "Eu quero sair
daqui com 100% de inocência. Estou aqui porque eu quero. Eu poderia ter saído
do Brasil. Tive muita oportunidade. Não quis sair porque o jeito de eu ajudar a
colocar bandido na cadeia é ficar aqui.".
Durante
a entrevista, ele comentou o caso mais recente da Vaza Jato, publicado pelo
BuzzFedd News em parceria com o The Intercept Brasil, em que aponta que Moro
instruiu, ainda quando juiz federal, os procuradores da Lava Jato a não
recolherem os celulares de Eduardo Cunha na véspera da prisão do ex-presidente
da Câmara dos Deputados.Visivelmente irritado, neste ponto, o ex-presidente,
batendo na mesa, destacou que a Polícia Federal foi na casa dos netos dele para
apreender um tablet.
"Ficaram um ano com ele (o tablet) aqui preso. E não
tiveram coragem de pegar o telefone de Eduardo Cunha porque o Moro falou: 'não,
não pega o telefone'. O que é que tinha no telefone do Eduardo Cunha que o Moro
não queria que ninguém soubesse? Por que eles não aceitaram uma delação do
Eduardo Cunha?", questionou.
O
petista falou da influência dos EUA no Brasil. Para ele, a Lava Jato é
orquestrada pelo governo norte-americano. "Hoje, eu tenho clareza,
Bob, que tudo que está acontecendo aqui no Brasil da Lava Jato tem o dedo dos
americanos. O departamento de justiça americano manda mais no Moro do que a
mulher dele."
Posteriormente, afirmou que a Lava Jato foi construída
para entregar o petróleo brasileiro, as refinarias e as distribuidoras.Sobre
Deltan, o presidente afirmou que o CNMP (Conselho Nacional do Ministério
Público) deveria ter pedido a exoneração dele.
"O Dallagnol não deveria nem existir porque ele não
tem formação para isso. Ele não tem tamanho para fazer o que está fazendo. É
por isso que ele fez tanta molecagem e tanta bandidagem", atacou.
Lula classificou o presidente Jair Bolsonaro (PSL) como
um monstro e aproveitou para fustigar a Globo ao afirmar que a emissora não
teve coragem de lançar o apresentador Luciano Huck à presidência da República.
"O Bolsonaro foi um monstro que surgiu, e não era isso que a Globo
esperava, certamente. A Globo esperava alguém do time deles. Como não tiveram
coragem de lançar o Luciano Huck."
Ele criticou a postura da empresa no caso dos vazamentos
de mensagens obtidas pelo site The Intercept Brasil, que expôs a atuação de
Moro e Deltan. "Até agora, pasme, hoje é dia 14, a Globo não teve a
pachorra de publicar as coisas do Intercept. É como se não existisse. Foram
capazes de inventar um hacker em Araraquara. Prenderam um hacker para dar vazão
às mentiras do Moro e não têm coragem de prender o Queiroz", disse.
Bastidores
do Poder
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