Com o PSL
em crise e sob suspeita de desviar verba pública por meio de candidaturas
"laranjas" nas eleições de 2018, os filhos do presidente Jair
Bolsonaro (PSL) negociam migrar para um novo partido, que está em fase final de
criação. Trata-se da reedição da antiga UDN (União Democrática Nacional).
Segundo três fontes ouvidas pela reportagem em caráter reservado, o deputado
federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) se reuniu na semana passada em Brasília com
dirigentes da sigla para tratar do assunto. Ele tem urgência em levar adiante o
projeto. Eleito com 1,8 milhão de votos, Eduardo teria o apoio de seu irmão, o
vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ). Com esse movimento, a família Bolsonaro
buscaria preservar seu capital eleitoral diante do desgaste do partido.
Enquanto
ainda estava internado no hospital Albert Einstein, em São Paulo, Jair
Bolsonaro acionou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, para
que determinasse investigações sobre o caso. As suspeitas atingiram o
presidente da legenda, deputado federal Luciano Bivar (PSL-PE), e foram pano de
fundo da crise envolvendo o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência
da República, Gustavo Bebianno, que foi chamado de mentiroso por Carlos
Bolsonaro depois de afirmar que tratara com o pai sobre o tema. Após cinco dias
de crise, Bebianno deve ser exonerado do cargo nesta segunda-feira, 18, por
Bolsonaro.
Além
de afastar a família dos problemas do PSL, a nova sigla realizaria o projeto
político de aglutinar lideranças da direita nacional identificadas com o
liberalismo econômico e com a pauta nacionalista e conservadora, defendida pelo
clã Bolsonaro. No começo do mês, Eduardo foi ungido por Steve Bannon,
ex-assessor do presidente americano Donald Trump, como o representante na
América do Sul do The Movement, grupo que reúne lideranças nacionalistas
antiglobalização.
O
projeto do novo partido é tratado com discrição no entorno do presidente. Em
2018, a UDN foi um dos partidos - embora ainda em formação e sem registro no
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) - sondados por interlocutores do presidente
para que ele disputasse a eleição, mas a articulação não avançou. Depois de
anunciar a adesão ao Patriota, Jair Bolsonaro acabou escolhendo o PSL.
A nova UDN
é um dos 75 partidos em fase de criação, conforme o TSE. Segundo seu dirigente,
o capixaba Marcus Alves de Souza, apoiadores já reuniram 380 mil assinaturas -
são necessárias 497 mil para a homologação da legenda. O partido já tem CNPJ e
diretórios em nove Estados, como exige a legislação eleitoral para a homologação.
Ela tem em Brasília um de seus principais articuladores, o advogado Marco
Vicenzo, que lidera o Movimento Direita Unida e coordena contatos com
parlamentares interessados em aderir ao novo partido. A articulação envolveria
ainda o senador Major Olímpio (PSL-SP), que nega.
Bastidores do
Poder
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