Um dia
depois de ter se tornado alvo em redes sociais do presidente Jair Bolsonaro
(PSL) e do novo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que questionaram o
valor do contrato para aluguel de veículos no órgão, a presidente do Ibama,
Suely Araújo, pediu exoneração do cargo nesta segunda-feira (7). Ela aguardava
ser substituída pelo indicado por Bolsonaro, o procurador da União Eduardo
Fortunato Bim, mas decidiu antecipar a saída.
Nomeada em
2016 pelo presidente Michel Temer (MDB) e indicada pelo então ministro do Meio
Ambiente, Sarney Filho, Suely, urbanista, advogada e cientista política tem uma
longa carreira ligada ao tema ambiental, tendo sido consultora legislativa na
Câmara dos Deputados desde 1991. Ela dá aulas de graduação em gestão de
políticas e publicou estudos sobre licenciamento ambiental, política nacional
de resíduos sólidos e proteção à biodiversidade.
O
pedido de exoneração foi encaminhado ao ministro Salles na manhã desta segunda.
"Considerando que a indicação do futuro presidente do Ibama, sr. Eduardo
Bim, já foi amplamente divulgada na imprensa e internamente na instituição ainda
em 2018, antes mesmo do início do novo Governo, entendo pertinente o meu
afastamento do cargo permitindo assim que a nova gestão assuma a condução dos
processos internos desta Autarquia", escreveu Suely no ofício.A reportagem
apurou que Suely afirmou a interlocutores que ficou indignada com as postagens
deste domingo, pois não foi procurada previamente por Salles para que
explicasse o valor do contrato, de R$ 28,7 milhões.
O Ibama é autarquia vinculada ao Ministério do Meio
Ambiente. Em nota no domingo, Suely explicou que o valor corresponde ao total
gasto pelo órgão com aluguel de 393 camionetes "adaptadas para atividades
de fiscalização, combate a incêndios florestais, emergências ambientais, ações
de inteligência, vistorias técnicas etc". Segundo Suely, o contrato vale
para as 27 unidades da Federação e inclui os gastos com "combustível,
manutenção e seguro, com substituição [dos veículos] a cada dois anos".
"A acusação sem fundamento evidencia completo
desconhecimento da magnitude do Ibama e das suas funções. O valor estimado
inicialmente para esse contrato era bastante superior ao conseguido no final do
processo licitatório, que observou com rigor todas as exigências legais e foi
aprovado pelo TCU [Tribunal de Contas da União]", escreveu Suely na nota.
Após um tuíte do ministro Salles, o presidente Bolsonaro
postou e depois apagou em uma rede social, no domingo: "Estamos em ritmo
acelerado, desmontando rapidamente montanhas de irregularidades e situações
anormais que estão sendo e serão comprovadas e expostas. A certeza é: havia
todo um sistema formado para principalmente violentar financeiramente o
brasileiro sem a menor preocupação!".
Com
informações da Folhapress.
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