O primeiro-ministro
de Israel, Binyamin Netanyahu, não deverá mais participar da posse do
presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL). Ele era a principal estrela
internacional no evento. Segundo a Folha de S.Paulo
apurou, Netanyahu vai manter sua viagem para encontrar Bolsonaro no Rio na
sexta (28), mas voltará a Israel no domingo (31). A posse será no dia 1º. O
motivo da mudança é a crise política no país de Bibi, como o premiê é
conhecido.
Sob
pressão da ala ultraortodoxa de sua coalizão, irritada com o plano de obrigar
religiosos desse grupo judaico a servir nas Forças Armadas, e enfrentando
acusações de corrupção, Bibi adiantou as eleições parlamentares de novembro
para abril. Ele ainda é favorito para se manter no poder, mas as costuras
precisam começar agora. A viagem em si ainda está sob risco, a depender do
agravamento da situação.
Para
Bolsonaro, é um revés considerável. Tradicionalmente, pela data infame no
calendário, a posse de presidentes brasileiros é esvaziada. Ainda assim, os EUA
cujo presidente, Donald Trump, é o grande ídolo de Bolsonaro na arena
internacional, vão enviar apenas o secretário de Estado, Mike Pompeo -nem
o vice, Mike Pence, virá. Países europeus têm torcido nariz não só para o
histórico de declarações do eleito, mas por sua disposição em deixar os acordos
climáticos de Paris e a iniciativa da ONU por migração segura.
Recentemente,
ao dizer que a França se tornará insuportável de viver por causa de imigrantes
não-assimilados, Bolsonaro recebeu em troca ironia do embaixador do país no
Brasil, que lembrou o número de homicídios locais (63 mil contra pouco mais de
800 por ano). E Bolsonaro apostou tudo em Bibi, após aproximar-se de forma
inédita de Israel.
Já
na campanha, prometeu mover a Embaixada do Brasil de Tel Aviv para Jerusalém, como
fez Trump. Isso atraiu a ira de países muçulmanos e insinuações de boicote à
compra de carne halal (tratada sob preceitos islâmicos) brasileira. Hoje o país
é um dos maiores produtores halal do mundo: 45% do frango e 40% da carne bovina
exportados têm o selo.
A
Liga Árabe queixou-se diretamente ao Itamaraty sobre a intenção de Bolsonaro e
de seu chanceler, Ernesto Araújo, que é contrária à política ora neutra, ora
pro-árabe histórica do Brasil. A atitude de Bolsonaro tem a ver com sua base de
eleitores evangélica, entusiasta do país -Jerusalém como capital única do
Estado judeu é, para eles, uma verdade bíblica. Alas fundamentalistas ainda vêm
Israel judeu como precondição para a volta de Jesus Cristo à Terra.
O
Brasil advoga pela solução de dois Estados desde 1948. Nesse arranjo, Jerusalém
seria dividida entre palestinos e israelenses. Como o conflito segue sem
solução, a maioria esmagadora dos países mantém representação em Tel Aviv. Por
ora, o encontro com Bolsonaro segue de pé, na casa do presidente eleito. Bibi
chegará no fim da manhã de sexta e voltará no domingo à noite, em
princípio.
Bolsonaro
havia anunciado em rede social nesta terça-feira (25) que o novo ministro
da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, viajará a Israel para trazer
conhecimento de dessalinização de água do mar para aplicar ao Nordeste.
Com
informações da Folhapress.
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