Depois
de ter a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva barrada pela Justiça
Eleitoral, o PT avalia recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal) e deixar com
o ex-presidente a palavra final sobre a sua substituição pelo candidato
Fernando Haddad. O recurso ao STF seria uma medida para discutir a validade dos
tratados internacionais no Brasil. Na opinião dos advogados, esses acordos
garantem ao petista participar das eleições.
Há
duas semanas, o Comitê de Direitos Humanos da ONU se posicionou a favor de que
o petista possa ser candidato até o fim dos recursos contra sua condenação na
Lava Jato. Em seu voto no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) na sessão que
barrou a candidatura de Lula, o ministro Edson Fachin afirmou que a posição do
comitê deveria ser acatada, mas foi vencido por 6 a 1. Petistas dizem acreditar
que o voto divergente de Fachin pode ser explorado para angariar apoio de
outros ministros do STF para essa tese.
A
estratégia, porém, ainda não está fechada e passará pela decisão do próprio
Lula. Nesta segunda-feira (3), o ex-presidente vai conversar com Haddad e
outros dirigentes para dar as orientações para os próximos dias.
“Infelizmente não temos a agilidade do TSE. Ainda estamos
estudando o acórdão [da sessão que terminou na madrugada de sábado]. Precisamos
de alguns dias para pensar nas alternativas”, disse Fernando Neisser, um dos
advogados do ex-presidente.
Nos bastidores, o recurso ao STF é tratado como uma
medida formal que precisa ser tomada, visto que o PT e o próprio Lula deixaram
claro que recorreriam a todas as instâncias para tentar garantir sua presença
na eleição. Não há, no entanto, muito otimismo com o resultado do recurso. O
que os petistas querem saber agora é quando o ex-presidente autorizará sua
substituição como candidato.
A
avaliação no PT é que, como conseguiu o direito de se manter no horário
eleitoral até a troca de Lula, o partido ganhou tempo para esticar a corda e
fazer a substituição no último dia do prazo dado pelo TSE, 11 de setembro. A
tese de Lula é de que quanto mais próximo do primeiro turno se der a
substituição, maior seu potencial para transferir votos para Haddad o
ex-presidente tem 39%, segundo o último Datafolha. Na próxima segunda (10), um
dia antes do limite para a troca, o PT fará um evento em São Paulo com o mote
“a arrancada para a vitória”. O ato será realizado na PUC-SP, com a presença de
Haddad.
Aliados
do vice apostam no simbolismo e no “timing”. Em 2016, antes do impeachment,
Dilma Rousseff participou de um evento no mesmo local e conseguiu passar a imagem
de que a esquerda estava unida para defendê-la. Os advogados do PT também
enfrentarão nesta semana uma série de pedidos feitos ao TSE neste domingo (2)
para suspender o horário eleitoral da sigla no rádio e na TV e retirar da
internet seus programas.
Representantes
do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e do partido Novo acionaram o tribunal
alegando que o partido apresentou Lula como candidato nos programas veiculados
no fim de semana, o que foi proibido pelo TSE.
“Os representados [PT] veicularam propaganda em rede na
TV em que não apenas apresentam Lula como candidato a presidente como desafiam
a decisão deste tribunal ao veicular a informação de que ‘a ONU já decidiu que
Lula poderia ser candidato e ser eleito presidente do Brasil’, embora essa não
tenha sido a conclusão desta corte”, sustentou o Novo.
Haddad disse a jornalistas neste domingo, em Maceió (AL),
que acredita que, se a candidatura de Lula fosse confirmada, ele ganharia no
primeiro turno. “Acredito que a população brasileira está acompanhando os
nossos movimentos e os movimentos do presidente Lula não só com muita atenção,
mas com muita sabedoria”, disse. Haddad estava ao lado do senador Renan
Calheiros (MDB-AL) e de Renan Filho (MDB), que busca a reeleição como
governador de Alagoas. O ex-prefeito teceu elogios aos dois, afirmando que
Renan é companheiro de longa data de Lula.
Com
informações da Folhapress.
Nenhum comentário:
Postar um comentário