A
Polícia Federal demorou quase até a meia-noite desta terça-feira para contar as
milhares de e notas de reais e dólares encontradas em um suposto bunker onde o
ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) armazenaria recursos ilícitos, em
Salvador, na Bahia. E a contagem final somou a espantosa quantidade de
51.030.866,40 reais, segundo o balanço definitivo da PF, que precisou de sete
máquinas para contar os milhares de notas. Além de reais, nessa quantidade
também se contabilizaram dólares, 2,688 milhões (8,387 milhões de reais).
O
dinheiro foi encontrado durante uma operação da PF deflagrada na manhã desta
terça-feira que apreendeu milhares de reais em espécie. As imagens divulgadas
pela assessoria da PF são impressionantes: foram recolhidas ao menos nove malas
e sete caixas de papelão lotadas de notas de 100 e 50 reais. A montanha de
dinheiro encheu ao menos dois porta-malas de camionetes usadas no cumprimento
do mandado judicial.
Os
policiais chegaram ao local onde o dinheiro estava armazenado após uma denúncia
de que o ex-ministro da Secretaria de Governo de Michel Temer estaria
escondendo documentos relacionados a uma das investigações da qual é alvo. Na
prática, os policiais conseguiram muito mais do que esperavam. O imóvel onde
estava a montanha de dinheiro não era do peemedebista, mas estava cedido a ele.
Oficialmente, ele informava ao proprietário do local que guardaria documentos
de seu finado pai, Afrísio Vieira Lima, no apartamento.
Batizada
de Tesouro Perdido, a operação desta terça-feira é uma continuação da Operação
Cui Bono, que havia resultado na prisão de Geddel em julho. O cumprimento do
mandado ocorre um dia depois que o procurador-geral da República, Rodrigo
Janot, admitiu que a delação da JBS pode ser anulada porque três dos delatores
teriam omitido informações aos investigadores. A PF não detalhou como chegou ao
local e nem qual a origem do dinheiro.
Geddel
era um dos principais assessores do presidente Michel Temer (PMDB), com forte
influência no Congresso Nacional é apontado por delatores da Lava Jato como um
dos receptores de propinas. Ele ficou dez dias preso e atualmente cumpre prisão
domiciliar em Salvador.
No
caso atual, ele é investigado por receber 20 milhões de reais em propina para
empréstimos da Caixa Econômica Federal ou de liberar créditos do FI-FGTS em
conluio com o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com o doleiro Lúcio Funaro e
com o ex-dirigente do banco Fábio Cleto. Na ocasião do suposto recebimento de
propina, Geddel era vice-presidente de de Pessoa Jurídica da Caixa. Entre os
anos de 2011 e 2013, ele ocupou o cargo por indicação do PMDB, durante o
Governo de Dilma Rousseff (PT). O peemedebista também foi ministro da
Integração Nacional na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Considerado
um dos articuladores do impeachment de Dilma, a carreira de Geddel começou a
ruir após Marcelo Calero, então ministro da Cultura de Temer, denunciar que seu
colega de esplanada tentou interferir ilegalmente em um processo de tombamento
de imóvel que poderia beneficiá-lo. Geddel acabou pedindo exoneração do
Governo, perdeu o foro privilegiado e, devido à série de investigações, passou
a ser alvo mais fácil do Judiciário. Procurado, seus advogados não foram
encontrados até a publicação desta reportagem.
Fonte: El País Brasil
Fonte: El País Brasil
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