O
ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União (TCU), usou o jatinho do
Grupo J&F em uma viagem entre o Recife e Brasília em setembro do ano
passado, quando o empresário Joesley Batista já era investigado pela Operação
Lava Jato.
Quando
Dantas se valeu do empréstimo da aeronave da J&F, a Eldorado Celulose,
empresa do grupo, havia sido alvo da Operação Sépsis, e Joesley estava na mira
dos investigadores por causa da delação do ex-vice-presidente de Fundos de
Governo e Loterias Fabio Cleto sobre propina para liberação de valores do
FI-FGTS.
A
aeronave usada pelos irmãos Joesley e Wesley Batista apareceu em investigações
quando os delatores entregaram à Procuradoria-Geral da República (PGR) o plano
de um voo que incluiu um trecho usado pelo presidente Michel Temer com a mulher
Marcela, em 2011, quando ele era vice-presidente da República.
No
caso de Dantas, a viagem e o passageiro estão registrados no plano de voo da
aeronave do grupo. O Estado questionou o ministro Dantas, mas ele não respondeu
sobre como se deu o empréstimo da aeronave e quem arcou com os custos
decorrentes do voo. Em nota, Dantas afirmou que o “superficial e esporádico
convívio social” que teve com o Joesley não “infringiu normas legais”.
No
TCU, corte para a qual Dantas foi indicado pelo Senado Federal em 2014, o
ministro participa de julgamentos de casos de interesse da holding J&F e
dos irmãos Batista. As auditorias em curso avaliam irregularidades em repasses
de R$ 10 bilhões feitos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES) ao grupo que controla a JBS, empresa de proteína animal dos
irmãos. São cerca de R$ 8 bilhões em aportes do BNDESPar e outros R$ 2 bilhões
em financiamentos.
A
J&F informou que não vai comentar o tema específico. “Os colaboradores já
apresentaram informações e documentos referentes aos atos praticados por eles e
continuam à disposição para cooperar com a Justiça.”
Poder
& Política
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