Com a inflação mais
comportada, os reajustes salariais negociados no país tiveram em março o
terceiro mês consecutivo de avanço. Depois de registrarem alta real de 0,1% em
janeiro e de 1,1% fevereiro, acordos e convenções coletivas de março aumentaram
1,8% na mediana de 157 documentos homologados pelo Ministério do Trabalho.
Nominalmente, o aumento variou pouco, passando de 6,6% em fevereiro para 6,5%
em março. Com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) a 4,7% nos 12
meses até fevereiro - válido para categorias com data-base em março -, a
proporção de correções abaixo da inflação foi de 12,9% no período, a menor em
dois anos, segundo o boletim Salariômetro, da Fundação Instituto de Pesquisas
Econômicas (Fipe). No ano passado, os reajustes tiveram perda real nos três
primeiros meses do ano e, entre abril e dezembro, coincidiram com o INPC.
Os autores do estudo
observam que o índice deve continuar desacelerando até agosto, quando chegaria
a 3,03% no acumulado em 12 meses, conforme projeções do Banco Central. Nos
meses seguintes, voltaria a acelerar, atingindo 4,29% em dezembro. Essa
dinâmica, avaliam, dá "espaço para a continuidade dos aumentos reais,
apesar da recessão". A mediana dos pisos salariais acordados em março foi
de R$ 1.021,00, pouco acima do salário mínimo (R$ 937). Condomínios e edifícios
lideram as categorias com maiores reajustes, com ganho real de 1,42%, seguida
por bancos e serviços financeiros, 0,44%, e vigilância e segurança privada,
0,42%. Nos segmentos com maiores perdas reais estão extração e refino de
petróleo (-4,62%), empresas jornalísticas (-1,87%) e refeições coletivas
(-1,04%).
Na análise por Estado, o
único com balanço positivo, conforme a mediana dos últimos 12 meses, é o Ceará,
com 0,17% de aumento real. As maiores perdas foi registrada no Acre, de 4,83%,
no Amapá, 2,46%, e no Espírito Santo, 1,5%. O boletim também chama atenção para
a queda no volume de acordos de redução de jornada de trabalho, também acompanhados
pelo Sistema Mediador do Ministério do Trabalho. Em março, foram contabilizados
três documentos, dois com redução proporcional dos salários e um através do
Programa Seguro Emprego (PSE), que, com a ajuda de recursos do Fundo de Amparo
ao
Trabalhador (FAT), reduz o
corte proporcional nas remunerações dos trabalhadores afetados.
O balanço de 12 meses mostra
que, dos 248 acordos coletivos com redução salarial negociados nos últimos 12
meses, 64, 25,8%, utilizaram o programa lançado em 2015 e batizado de Programa
de Proteção ao Emprego (PPE).
Ascom Força Sindical
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