O presidente Michel Temer
determinou a auxiliares que destravem nomeações de cargos no governo para cerca
de 40 deputados da base aliada em troca de votos favoráveis à reforma da
Previdência.
Líderes e articuladores
políticos do Planalto identificaram que esses parlamentares, contrários ao
projeto, fizeram indicações para órgãos do governo e ainda não foram atendidos.
O governo crê que a liberação das nomeações possa ajudar a garantir os votos. O
Planalto já começou a desbloquear indicações, por exemplo, para a Polícia
Rodoviária Federal, vinculada ao Ministério da Justiça. Ainda há, no entanto,
pendências nas estruturas estaduais de órgãos como a Aneel (Agência Nacional de
Energia Elétrica) e a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).
O governo quer solucionar
impasse nas indicações para a cúpula da Nuclep -estatal que fabrica
equipamentos para o submarino nuclear da Marinha e a usina de Angra 3. As
indicações foram feitas pelos deputados Alexandre Valle (PR-RJ), Aureo (SD-RJ)
e Celso Pansera (PMDB-RJ).
O deputado do PR e o líder
do Solidariedade integram a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Previdência
Social na Câmara, contrária à proposta do governo.Auxiliares de Temer avaliam
haver necessidade de dar mais atenção ao chamado "baixo clero", grupo
de deputados de menor expressão, já que as cúpulas dos partidos já foram
contempladas. Além disso, o governo age em outras frentes para atrair votos
favoráveis em plenário: tem cobrado empenho de ministros em suas bancadas,
ameaçou cortar cargos de "traidores" e condicionou ao apoio no
Congresso a liberação de mais emendas para parlamentares abastecerem suas bases
eleitorais.
Como se trata de uma PEC
(Proposta de Emenda à Constituição), o governo precisa de um mínimo de 308
votos para aprovar a reforma da Previdência, embora tenha como meta chegar a
340. O Planalto contabiliza 411 parlamentares em sua base na Câmara, mas tem
enfrentado forte resistência, mesmo nas bancadas de partidos aliados, ao texto
da reforma. Para dar sinalização positiva ao mercado e mostrar que não sofreu
grande abalo com os desdobramentos da Lava Jato, o governo trabalha para obter
placar robusto em duas votações previstas para esta semana na Câmara: a
renegociação da dívida dos Estados e a urgência para votação da reforma
trabalhista.
Temer receberá deputados em
café da manhã nesta terça (18) no Alvorada, para que o relator da reforma da
Previdência na Câmara, Arthur Maia (PPS-BA), apresente seu parecer. O texto
será lido horas depois na comissão especial sobre o assunto na Casa.
Com informações da
Folhapress.
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