O quadro da desigualdade de
renda nos Estados Unidos ficou um pouco mais sombrio. Os que recebem os
salários mais altos ganharam no ano passado o equivalente a 5,05 vezes o
salário de seus colegas de mais baixa renda. Foi a maior disparidade já
registrada pelos dados desde 1979, segundo o Departamento do Trabalho. E, o que
é pior, revela que a melhoria mais recente - registrada em 2014 - foi apenas
efêmera e que a tendência se desloca de novo na direção errada, observada por
quase quatro décadas. Um crescimento econômico persistente e um sólido período
de contratações nos últimos anos tinham aumentado as expectativas de que o
fosso entre os trabalhadores ricos e os de menor renda encolheria de maneira
sustentável. A realidade se mostrou decepcionante. A crescente discrepância
chama a atenção para o medo que ajudou a içar o presidente Donald Trump à Casa
Branca, com seu apelo aos eleitores da classe operária que se sentiam deixados
para trás pela economia.
Os americanos próximos do
topo da escala de renda, cujos ganhos semanais ultrapassam os auferidos por 90%
de todos os trabalhadores em tempo integral com vencimentos semanais ou
mensais, ganharam pelo menos US$ 2.095 em uma semana normal no ano passado, segundo
relatório divulgado na terça-feira. Os enquadrados na faixa dos 10% de menor
remuneração ganharam menos que US$ 415. Mas nem tudo são más notícias: os dados
mais recentes mostram que, no ano passado, o total dos ganhos semanais medianos
dos 101 milhões de trabalhadores de 25 anos ou mais subiu cerca de 3%, para US$
885, em relação aos US$ 860 de 2015. Os números de 2016 foram divulgados pelo
Departamento do Trabalho nesta semana juntamente com seus dados do quarto
trimestre colhidos a partir de consulta a famílias americanas.
As disparidades de salário
tendem a ser contracíclicas: aumentam durante períodos de crescimento mais
lento da economia e encolhem quando o ciclo econômico se acelera. Naturalmente,
as políticas inclusivas e as oportunidades de ascensão socioeconômica também
desempenham enorme papel.
Embora a economia tenha
crescido ao percentual historicamente modesto de 2,1%, em média, no atual ciclo
de expansão iniciado em meados de 2009, os EUA vivem agora praticamente um
quadro de pleno emprego, e o aperto do mercado de trabalho despertou esperanças
de que os trabalhadores em geral acabarão assistindo a um aumento duradouro do
crescimento dos salários. O que não se sabe é se os holerites também vão
refletir uma queda da desigualdade nos próximos anos.
Ascom Força Sindical
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